Graphic Novel



Com o tempo vou percebendo que não tenho perfil para conhecer em profundidade. Talvez encontre o tédio demasiado cedo ou simplesmente esteja viciado no prazer da descoberta de novas linguagens. Por esse motivo nunca me afirmo como mais do que um mero apreciador ou interessado. Tomo como exemplo a banda desenhada. Custa-me realizar o desprezo com que é votada por tantos cultivadores de outras linguagens. Considero em especial o romance desenhado (não sei se existe designação portuguesa para o graphic novel) um formato com um potencial expressivo inesgotável e já com inúmeros e valiosos exemplos. Quem já pousou os olhos sobre 'Maus', de Art Spiegelman ou 'Palestina', de Joe Sacco sabe do que estou a falar. Em Portugal, temos um grande Miguel Rocha a tentar desbravar terreno e fá-lo com grande mestria. Um amigo trouxe-me de Itália o volume 'Baci dalla provincia', que agrega três histórias de Gipi (nome artístico de Gianni Pacinotti), toscano que já viu trabalhos seus nas listas anuais dos melhores livros (uma excepção que confirma o desprezo a que aludi). Aqui, uma prancha de "Appunti per una storia di guerra", uma fábula sobre o percurso de três jovens no cenário apocalíptico de uma guerra não identificada (como o são sempre, em parte, as guerras), e da aprendizagem da sua encenação. Aqui as vítimas transformam-se em algozes e a redenção é pouco menos do que uma miragem.

1 Comentário:

  1. Rita Oliveira Dias disse...
    Para já as imagens cativam.

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