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É o título do último filme do François Ozon. Contra as indicações de um casal amigo (que o viu na versão dobrada italiana, registe-se) lá fomos ver o dito cujo, e confesso que fiquei muito agradavelmente supreendido. Não se trata de louvar um dispositivo narrativo (o filme começa com a última cena da história, em termos cronológicos, seguindo-se outras quatro cenas que vão recuando progressivamente no tempo, até ao momento do encontro e enamoramento) mas sim do aproveitamento sábio que dele é feito. Nalgumas questões acerta na mouche: o problema do compromisso dos casais, a fidelidade ou o modelo imposto de felicidade conjugal. As cenas são intercaladas com músicas do cancioneiro romântico italiano de fim de século (XX), e é impossível não sair da sala a traulitar o Sparring Partners na voz rouca e no piano martelado do Paolo Comte. Premonitória e reveladora é a última imagem, com o ainda casal em fase de flirt a mergulhar no mar onde corriam o risco, conforme foram avisados, de ser levados por correntes perigosas. Para mim, o melhor do moço até à data. Ah, e os actores são fabulosos, com um destaque pessoal para a sempre surpreendente Valeria Bruni-Tedeschi.

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