Pouca terra pouca terra
Só recentemente me tenho vindo a aperceber da dimensão do problema da baixa taxa de conclusão das pós-graduações. Eu próprio faço parte do problema, sinto-o na pele, e como tal estou mais sensível à esta realidade. Seguramente não faltarão motivos para explicar o fenómeno, penso que se trata de uma questão complexa e difícil de equacionar de ânimo leve. Os meus motivos não são seguramente universais, e vou ficando com a sensação que entre os alunos, os professores e as instituições se vai driblando uma culpa que ninguém quer assumir e que apenas vai servindo para protelar os prazos até estes deixarem de fazer sentido (frequentemente depois de as próprias investigações se terem dissolvido na inércia).
Por isso foi com prazer (e correspondente ansiedade - nessa sim, já somos todos pós-graduados) que recebi a notícia de uma convocatória do meu mestrado. Hoje ainda exalo o momentâneo estado de graça do encontro, onde recebi um doseamento perfeitamente equilibrado de repreensão e encorajamento. Sinto que estou dentro de um comboio parado, à entrada de um túnel longo e obscuro; já temos os provimentos e o combustível, a maquinaria está carburada, e até parece que se entrevê aquela luzinha lá ao fundo. Só falta o aviso de partida.