O Reino Interdito



Lido muuuito lentamente (ao ritmo de quem tem como prioridades actuais ensaios, estudos e artigos científicos), lá conseguir terminar por fim "O Reino Interdito", um interessante romance de Rose Tremain. O reino interdito do título (na sua versão traduzida), a avaliar pela melancolia geral das histórias que se entrelaçam, é o da felicidade dos personagens. Mas há uma beleza nobre na forma como cada uma persegue o seu sonho, e não conseguimos deixar de nos enternecer pela sua luta, com um destaque especial para a história de Martin, que nasceu Mary. Fica um excerto de uma das conversas entre ele e o terapeuta a quem recorre para iniciar a transição.
"-É uma coisa que já observei na maior parte das pessoas que ajudei. Quase sempre em homens que querem tornar-se mulheres, mas também num caso como o seu. Tem a ver com o facto de permanecer sempre um pouco exterior ao mundo. Quando se vive fora de qualquer coisa, é mais fácil julgá-la com sabedoria.
- Mas eu não quero viver «fora do mundo». Foi isso o que senti toda a minha vida.
- Só por sentir-se dividida, separada de si própria, se quisermos pôr a questão nesses termos. Em breve os seus dois «eus» irão integrar-se melhor, mas o seu estatuto no mundo continuará a ser especial porque já viu o mundo sob duas perspectivas diferentes. Não preciso de lhe lembrar que isso não é possível para a maioria das pessoas."

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