Campanha positiva?!
Lamentável, muito lamentável! Enquanto consumidor dos produtos da GALP Energia e enquanto homossexual, senti-me ofendido com a sua mais recente campanha promocional "Futebol Positivo". Reparem aqui na letra do hino promocional. Com que então o "último a chegar é paneleiro"...
Se este tipo de homofobia já era lamentável vindo de uma pequena empresa, então ganha uma maior importância e gravidade ao estarmos a falar de uma das maiores empresas deste país.
Eu já demonstrei o meu desagrado enviando um e-mail para galp@galpenergia.com.
Se a GALP Energia tinha demonstrado que era uma empresa de vanguarda ao lançar a sua botija Pluma, então agora mostrou que está na rectaguarda de muitos dos seus concorrentes, em termos de respeito pela sociedade em que se enquadra e pelos seus cidadãos.
Retratos de Verão*
Alghero, Sardenha - Junho 2005
* Porque conheço muitas pessoas que andam a desesperar por calor, sol e um belo banho de mar, começo hoje uma série de "postagens" com fotos alusivas a essa bela estação que é o verão. Chega de nuvens e tristeza no olhar das pessoas!
Me trouble man, you Jane
Ou é de mim ou é do mundo (resta descobrir), mas que há qualquer coisa de insuportável no ar, lá isso anda. O problema é que quando estamos assim, criamos uma espécie de energia centrípeta, que por vezes torna as relações com os outros pouco menos que eléctricas. Ouço o último álbum da Jane Birkin, apenas para adiar um bocadinho mais o dilema. Talvez arranjando paliativos deste calibre diariamente consiga encostar o problema à parede, até ele a atravessar de vez e mudar de endereço.
O insólito em mim
Bato com força no fundo de mim, e não consigo perceber o que diz o eco. Quando perceber, farei uma pausa nesta longa pausa de escrita. Nem que seja para registar o insólito, que às vezes confundimos com um sonho. Por exemplo: ontem ao fim da tarde batia à beira-mar uma luz solar intensa enquanto toda a cidade estava mergulhada numa espessa parede de nuvens escuras. No areal avistei uma silhueta ao longe. Aproximando-me, vi um golfinho morto, ao lado de um pássaro estranho e um peixe que parecia uma enguia, em cima de uma palete. Ninguém em volta, apenas o vento frio e os salpicos de um mar ainda encrespado a misturar-se no meu eco.
Danças da companhia
Talvez não vá tarde a recomendação, ainda vão a Guimarães no dia 2. Não sei falar sobre dança. Só sei que há coisas que gosto e outras que não. Admito que me desconcertei com cada uma das três peças apresentadas pela Companhia Nacional de Bailado, ontem no Rivoli. O espectáculo chama-se «Dançar Jirí Kylián, Nacho Duato e Mauro Bigonzetti», e apresenta as 3 coreografias de forma autónoma. Deslumbrante, mesmo para quem não sabe aplicar adjectivos à dança.
Vitória, vitória! Acabou-se a história!
Pois é, já é mesmo oficial. Finalmente os gays podem dar sangue em Portugal sem terem de omitir a sua orientação sexual para poderem fazer uma boa acção. Vejam mais aqui.
A Lua e as Fogueiras
Um homem regressa ao seu paese, no Piemonte Rural, vinte anos depois de ter partido para a América. É a obra derradeira de Cesare Pavese, autor de Lavorare Stanca, que pouco tempo depois se suicidava em Turim. Uma viagem delicada e dolorosa ao passado, à nostalgia de um mundo que desapareceu, o da juventude do protagonista, e o da Itália antes da grande fractura do pós-guerra. O abismo tinge de negro o breve relato, nada atraente, mas a ler com muita atenção, como se uma lição de história se tratasse.
Pequenos prazeres de fim de semana
- Retomar amizades perdidas desde o final da adolescência
- Calhar num zapping um filme dos anos 70 com a Diane Keaton
- Terminar um livro que não vai ser útil para o mestrado
- Redescobrir Omara Portuondo e os inenarráveis Secos & Molhados
- Demorar a vista em frente ao molhe da Foz enquanto o São Pedro brinca com o anticiclone dos Açores
- Fazer de conta que o mundo não tem horários e que o dia e a noite acontecem porque queremos
- Dormir de acordo com o princípio anterior
Dúvida existencioconsumista
Porquê que a revista Sábado sai à Quinta-feira?*
* Se estão a pensar viajar nos próximos tempos aproveitem para comprar os guias da Lonely Planet que andam a sair com esta revista, por apenas €6,90. Paris, Roma, Buenos Aires, Istambul, Madrid, Praga, são algumas das cidades contempladas nesta colecção.
The fog
O nevoeiro tomou conta de cidade, a prometer metamorfoses de estação. Para trás ficou a cama ainda quente e desalinhada, os vidros embaciados do wc, o cheiro a café a ressoar na cozinha. Nesse torpor sebastiânico em que as ruas mergulham, atravesso de mota em direcção ao meu destino: "por favor, é aqui que dão o nono ano?"
à conclusão...
Quarta lição de tango. O mundo parece menos complicado. E com cada vez menos palavras para o descrever, como se nota neste blog, como que a confirmar que já tudo foi dito depois dos gregos, e senão foi, não é aqui que se irá revelar uma nova verdade. Desde o último post, fiquei por umas míseras décimas em segundo lugar num concurso público, mas para compensar assinei o meu primeiro contrato a termo incerto, que me vai dar acesso aos benefícios de direito e a uma regalia ainda mais importante nos tempos que correm: o subsídio de desemprego. Ao mesmo tempo, aconteceu a primeira reunião de preparação da dissertação (deu para ver pelo valor da multa da devolução dos livros à biblioteca que já me devia ter adiantado há mais tempo). Pelo meio, vi uma interessante 'Coisa Ruim' e apaixonei-me pelo último álbum das Coco Rosie e pelas milongas do Osvaldo Pugliese. Fui uma vez à piscina e duas vezes correr ao parque da cidade. Saltei duas ou três refeições. Fiz algumas dezenas de entrevistas e iniciei processo de RVC com mais outros tantos adultos, entre eles uma artista de circo e um grande empresário do ramo da construção. Reli de uma acentada as consequências da modernidade, segundo Giddens, que explica muito bem esta coisa da separação do espaço e do tempo e da omnipresença do risco que caracteriza o nosso dia-a-dia.
Género e tango
De um lado da sala, vinte a trinta homens, equidistantes, virados para o centro. Do lado oposto, vinte a trinta mulheres, equidistantes, viradas para o centro. Os pares simetricamente situados. No centro, um casal, afastado cerca de dois metros. A música inicia, ritmada mas sensual, mas latina, portanto também triste. O casal ao centro movimenta-se de forma estudada, abraçados à melodia. E todos os seguem, desenhando uma sincronia perfeita e de efeito coreográfico majestoso. Estamos numa sala de um bar, em pleno século XXI, numa aula de tango argentino. Descanso sentado a contemplar a imagem, eco melancólico de uma ficção que já viu melhores dias: a de que homens e mulheres são entidades antagónicas, mas complementares.
O Deus das Moscas
Imagem do filme homónimo de 1963, de Peter Brook
Por leituras destas apetecia-me regressar às aulas de filosofar. Quem vive melhor? O que espera que tudo corra pelo melhor e age de acordo com essa ambição, vislumbrando o bem como uma inclinação natural do ser humano? Ou antes aquele que reconhece sempre em primeiro lugar a possibilidade das coisas correrem pior, até porque perspectiva o mal como algo intrinsecamente imanente ao quotidiano? Nesta obra clássica, William Golding brinca com o dilema, e não obstante colocar crianças como protagonistas exlusivas da narrativa, inclina-se pela segunda hipótese, quebrando esse tabu estruturante da modernidade que parece ser o da inocência da infância. A narrativa é simples: um avião aterra acidentalmente numa ilha deserta, depois daquilo que parece ser um conflito de grande escala (não são fornecidos grandes pormenores). Os únicos sobreviventes são um grupo de crianças. Desde o início, tentam criar e organizar-se em torno de um conjunto de regras, mas a convivência entre todos torna-se progressivamente mais tensa, até descambar para um final opressivo e violento. O que perturba mais, num texto escrito em 1954, é essa alusão à ideia de que aquilo que poucos anos antes parecia ter resolvido de vez a batalha contra o mal não passava afinal de mais um combate, em grande escala, dentro da guerra que o ser humano está condenado a encetar consigo próprio.
Hall paper
Em dias de chuva coloca-se papel nas paredes lá de casa para dar um pouquito mais de cor e alegria ao nosso lar doce lar. Agora todas as vezes que entro em casa regresso à minha infância e às casas das minhas tias :)
Para quem gosta de muita cor e figuras geométricas delicie-se aqui.