Género e tango

De um lado da sala, vinte a trinta homens, equidistantes, virados para o centro. Do lado oposto, vinte a trinta mulheres, equidistantes, viradas para o centro. Os pares simetricamente situados. No centro, um casal, afastado cerca de dois metros. A música inicia, ritmada mas sensual, mas latina, portanto também triste. O casal ao centro movimenta-se de forma estudada, abraçados à melodia. E todos os seguem, desenhando uma sincronia perfeita e de efeito coreográfico majestoso. Estamos numa sala de um bar, em pleno século XXI, numa aula de tango argentino. Descanso sentado a contemplar a imagem, eco melancólico de uma ficção que já viu melhores dias: a de que homens e mulheres são entidades antagónicas, mas complementares.

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