Viagem por Goethe


De acordo com o clássico (em circuitos académicos de Belas Artes, pelo menos) roteiro "Viagem a Itália", escrito no final do século XVIII por um então jovem Goethe, conhecer Nápoles, com toda a sua pujança histórica e natural (a sua famosa baía e a omnipresença minaciosa do Vesúvio) faz a antiga capital do mundo - Roma - parecer uma pequena capela mal localizada. O mais interessante, contudo, não são as inúmeras referências artísticas e paisagísticas (algumas não consegui mesmo encontrar em guias actuais), a constatação de que "aqueles homens trabalhavam para eternidade" e que "por este lugar passa a história do mundo". É o périplo interior que ganha, as divagações do espírito que o autor descreve como um processo que em Itália acontece de modo único: "É bem verdade que nada se compara à nova vida que a observação de uma terra estranha proporciona a um homem pensante". É um "renascimento que nos transforma a partir de dentro (...) tudo se acumula à nossa volta e irradia de novo a partir de nós."
Faltam 4 dias para descobrir, com um bloco de desenho na mão, para registar os sítios como se fazia antes da invenção da fotografia: com a alma.

3 Comentários:

  1. Rita Oliveira Dias disse...
    Não deixes os roteiros e a marcação das horas quebrar esse prazer.Tanta coisa nos desassocega e distrai levando a escolher formas de memoria mais imediatas.Fazer a viagem na viagem.
    Daniel J. Skråmestø disse...
    Nápoles não é a arte nem a arquitectura. É os Napolitanos!
    Anónimo disse...

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