"Dans Paris"
Houve um tempo em que o cinema se fazia e via dentro de uma sala grande, com uma tela e um projeccionista. Os filmes serviam para divertir mas também pensar, e colecionávamos os nomes dos realizadores e actores como quem coleciona cromos. É da memória desse tempo que parece vir "Em Paris", um pequeno filme que passa na simpática sala Estúdio do Teatro do Campo Alegre (já ir ali é como respirar ar puro, comparando com os espaços onde nos obrigam a ver cinema nos últimos anos). O filme tem uma história, com drama, sofrimento, mas também momentos cómicos ou simplesmente lúdicos. Enfim, tem sentido de auto-ironia. E sobretudo tem muito bons actores (aquele Louis Garrel, depois deste e d'"Os amantes regulares" parece mesmo a reincarnação do Jean Pierre Léaud), uma banda sonora feita de jazz e rock, uma montagem pouco linear (cheia de analepses e prolepses), e um narrador com a distinta lata de interromper a acção e falar directamente com o espectador. Já vimos isto nalgum lado? Já (até já vimos esta cena de cama com o mítico par Belmondo-Seberg), mas sabe bem voltar a ver adultos a brincar nas ruas e nos quartos de Paris, e sobretudo ver um cinema que não nos trata como imbecis.
1 Comentário:
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- Anónimo disse...
6:52 da tardeEu gostei principalmente do retrato que se faz das mulheres neste filme...sim, estou a ser irónico!