O hábito faz o monstro


A família, dizia há dias conversando com uma amiga, é um lugar viciado, fruto de uma convivência e co-habitação diária, uma experiência forçada, frequentemente repleta de silêncios e mal-entendidos. É importante ganhar distância para que os silêncios adquiram significado, mas isso nem sempre é possível e nem é líquido que resulte numa reaproximação. Nesses intervalos (por vezes infinitos), podem ser importantes factores de disrupção que introduzam pequenas crises, em relação às quais os elementos se possam reorganizar e tomar partido. Frequentemente é isso que acontece com o desaparecimento de alguém, mas também com a apresentação de um namorado ou amigo, alguém de fora que mergulha no silêncio e o faz falar, porque todas as famílias se desejam reelaborar como espaços de acolhimento. E de repente, por arrasto, o milagre da comunicação acontece. Ou não.

PS: o título do post é roubado aos Rádio Macau.

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