Domingo
O hábito faz o monstro, dizia uma música dos Rádio Macau. E nós, obedientes, tentávamos iludir a rotina com a ilusão da novidade. Agora já me sinto mais reconciliado com as pequenas repetições do quotidiano, como se sentisse aquela necessidade das crianças de ouvirem todas as noites a mesma história antes de adormecer. É bom sentir a consistência e tamanho do meu colchão, disputado com aquele corpo a respirar do meu lado direito; é bom acordar e sentir a primeira cafeína do dia a fumegar na chávena de vidro; é bom rever um desenho do Jean Cocteau ou voltar a ouvir aquela cassete com o primeiro álbum dos R.E.M.; é bom voltar ser um bocadinho de Domingo em casa.
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Abraço