Repetição

Estavamos dentro da maior encruzilhada existencial das nossas vidas. O nosso território era a noite e alguns quartos de soalho de madeira rangente, onde todos trocavam mortalhas e missangas. Eu ouvia a voz do Peter Hamill cantar "...there's something here the anthropologist dare not explain, something about Ysabel's dance", e achava que ele estava no quarto ao lado a ouvir as nossas conversas. O passado tem horas estranhas para nos visitar, como quando ontem encontrei o teu pai, que só me reconheceu depois de eu o interpelar, enquanto brincava com a menina da caixa do Continente. Disse-me que tinhas regressado de vez dos países baixos, e que trazias na bagagem dois gatos, que iam ter de partilhar o orçamento com os outros dois que já cá paravam. Eu próprio te relembrei como uma felina, uma espécie de elo perdido de uma evolução humana paralela e oculta.
Como será olhar para nós próprios passados doze anos?

1 Comentário:

  1. Anónimo disse...
    I have been looking for sites like this for a long time. Thank you! Proactiv target Are there any articles against tamiflu

Deixe um comentário







Recomenda-se


Outras paragens



anodaorquidea[at]gmail.com
 

© O Ano da Orquídea 2004-2007