A balada de Clint


O último filme de Clint Eastwood parece querer tocar-nos onde raros artistas conseguem, nesse lugar indefinível que nos leva à comoção. Talvez seja aquela ideia de existirem estes seres que atravessam a vida abolutamente determinados a existir, quase como se impelidos por um vento invisível que não soubessem como combater, até se resignarem à sua força. Talvez seja também pelo fascínio e dor que esses mesmos seres provocam à sua passagem. Depois há a questão da fé, ou melhor, da ausência dela, quando apenas restam as pessoas atiradas umas contra as outras pelos desígnios que ninguém escreveu. Para mim a fé reside em qualquer lugar a que chamamos casa, quatro paredes com odores corporais, sons de passos e conversas, ecos, uma tarte de limão 100% natural, um rosto parado a contemplar o Inverno.
Seja como for, por este andar, não saberei que palavras se vão colar à obra deste intrigante, embora sempre clássico, autor. Para o Million Dollar Baby, só me vinha à cabeça uma: crepuscular.

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