Os recém-amigos
O recém-amigo é aquele que acabaste de conhecer num bar porque tinham um conhecido em comum, ou que apareceu para jantar porque namora com alguém, e por quem sentes uma afinidade súbita, que te impede de descansar enquanto não souberes absolutamente tudo o que precisas de saber sobre ele, e que te inflama a vontade de te dar a conhecer como um novo eu, todo fresco, novo e supreendente. As palavras são o poderoso combustível desse encontro, mas gestos e olhares também são benvindos, sobretudo se implicarem uma espécie de cumplicidade, do tipo: "tu sim, sabes o que eu quero dizer". As pontes são intermináveis: gostam das mesmas bandas, dos mesmos livros, possuem idiossincracias em comum, como gostar do Homem-Aranha, saber o nome de realizadores obscuros ou ser incapaz de memorizar um número de telefone. As diferenças de repente já nem te parecem assim tão fáceis de definir, ao ponto de seres capaz de apoiar fervorosamente uma coisa que ainda no dia anterior atacaste com a mesma ferocidade com outra pessoa. Naquele instante, o mundo, com todos os seus problemas e complexidades, torna-se intelegível, mas apenas por estes dois olhares, o teu e o dele. Ainda não sabem se aquilo vai dar em amizade, mas pensam e agem como se fossem a reincarnação de entidades que se contactaram noutra vida e que não tiveram tempo de acabar a conversa.
je_bois
Depois, frequentemente, vem a desilusão quando começamos a desvendar os seus pequenos ou grandes defeitos... Mas se, como alguém disse, a paixão é uma incandescência do amor também desse estado febril pode nascer uma verdadeira amizade. Mas para mim os defeitos dos velhos amigos são mais fáceis de aceitar...
Té