Quem fala assim...


- O livro é uma força, uma força de arrasto. Um futuro. Uma metamorfose da consciência. E o livro possui um poder que pode chegar, inclusive, ao crime.(...) é como uma máquina de realidade virtual. E quero que o livro seja capaz de reproduzir o que produz o cinema ou os videojogos: levar o leitor, metê-lo.

- Pôr a fronteira ou o limite (entre a loucura e a sanidade), saber quando estamos de um lado ou quando estamos do outro é um momento difícil, demasiado complexo. o cérebro não actua dessa maneira, move-se por impulsos. (...) Não creio que estar louco seja estar mal. Há um tipo de loucura que é positivo.

- Quando temos a morte por perto temos de reflectir sobre ela, para afirmar a vida. A única possibilidade que tens de afirmar a vida é pensar permanentemente na morte.

- Não conseguimos construir relações afectivas na velocidade do nosso tempo. A velocidade do supermercado, quando consomes, a velocidade de quando fazes zapping na televisão, a velocidade dos jogos de vídeo, a velocidade da informação, do trânsito numa avenida, a velocidade do metro numa cidade grande, múltiplos destinos, múltiplas informações, semáforoos, verde, amarelo, vermelho e, de repente, queres que, no campo dos afectos, tudo esteja quiero, impassível. Que tudo seja paradisíaco. Que tudo seja belo, como um ilha onde nada sucede e estamos eu e tu até ao fim da eternidade.(...) Somos felizes sim, mas momentaneamente. Cedo ou tarde, o tempo passa-nos a factura.


... é Mario Mendoza, numa entrevista ao Público num já distante dia do pai (suplemento Mil Folhas), a propósito da edição portuguesa do seu novo romance, sugestivamente intitulado "Satanás". Pelo aperitivo, deve ser uma refeição pantagruélica...
PS: desenho by Major Tom productions Lda

1 Comentário:

  1. Anónimo disse...
    Adoro os teus desenhos!:)

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