Dias exemplares


A vida são os compassos de espera, com todas as ressonâncias do que aconteceu e a ansiedade do que está para vir. Parece ser esse o subtexto do último romance de Michael Cunningham, de novo repartido em três narrativas, tal como o menos interessante As Horas (eu sei, são opiniões). Ponto, parágrafo: são três livros distintos - um romance histórico, um policial e uma história de ficção científica. Aparentemente apenas pequenos sinais os ligam: os nomes dos personagens repetem-se, a figura tutelar e a poesia de Walt Whitman, uma tijela dourada. E, contudo, há algo mais. O texto é atravessado por uma ameaça de morte e sobretudo por uma ideia de família, presente na improvável aproximação daquelas vidas em combustão e fuga permanente. Em momentos de delírio narrativo, as citações poéticas integram-se na perfeição, como que querendo debater a tese de que os poetas são profetas iluminados. Já vi crenças mais absurdas.

1 Comentário:

  1. Anónimo disse...
    vou a caminho do fim deste livro e apaixonei-me de novo pelo M.C. (o amor por Whitman já é velho). Concordo contigo no que diz respeito ao (menos) interessante "As Horas".
    Je_bois

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