Correr, correr, correr...


Um trânsito apocalíptico impediu-me de entrar no Porto para a habitual corrida no Parque da Cidade. Frustrado, regressei a Gaia, decidido a experimentar o percurso da marginal até à Afurada. Reticente, estacionei o carro, equipei-me qual super-herói a trocar de identidade, mp3 em acção, e lá fui em passo decidido. Uns metros à frente, já todo eu era entrosamento com a paisagem, um rapaz também a correr meteu conversa. Não consegui evitar alguma desconfiança, afinal de contas vivemos numa cidade. Numa leve desilusão inicial, apercebi-me que o atraente estranho apenas queria conversar. Correr é uma actividade solitária, dizia-me, mas o tempo passa melhor quando se dão duas de letra. Ficámos a saber pouco da vida um do outro, o tema foi a corrida em si: percursos, vantagens ('nunca mais me constipei e ando de manga curta às vezes até no Inverno'), sensações, projectos pouco ambiciosos de correr até não poder mais. Despedimo-nos com um 'até à próxima', enquanto eu refazia o percurso de volta e ele prosseguia na sua meia maratona diária. Prometi voltar a repetir a beira-rio, 'pode ser que nos cruzemos por aí'. Senti-me parte de uma tribo.

3 Comentários:

  1. Rita Oliveira Dias disse...
    Noutro dia dentro de uma loja "apanhei" com um segurança que me pareceu entediado e desejoso de conversa. A conversa passou da antiga disposição dos artigos na loja aos meus olhos e outros atributos... fiquei embaraçada .
    oplanetadaju disse...
    que desenho lindo!
    Como gostava de conseguir fazer-te companhia nessas corridas! :)
    um beijo enoooorme,
    Major Tom disse...
    Rita, reconheço com pena que sobretudo para uma mulher a fronteira entre a abordagem empática e o assédio seja substancialmente mais ténue...

    Ju, já fico deliciado com as nosas milongas, cachopa! mal posso esperar pela próxima aula!

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