A presença de Marisa


Ontem encontrei-me com uma mulher. Primeiro só lhe ouvi a voz. Cantava sobre o seu infinito particular num bréu maternal. De vez um quando, uma luz ténue iluminava o rosto e percebi um violão no seu colo. Depois mudou de melodia e todo o cenário incandesceu de uma luz branca. Rodeava-a uma pequena orquestra, toda vestida de negro. O ritmo era um samba lento, quase uma morna. Cantou e cantou, trocando o violão por um bandolim, e aproximou-se, desafiando a sua própria timidez (ou, nas suas próprias palavras, o seu pernambucolismo). Senti mais uma vez que o espaço era imenso, e que precisávamos de estar a sós, eu e ela. Mas na imensidão daquele círculo percebi dois mil vultos que nos separavam. Saravá, Marisa.

1 Comentário:

  1. Daniel J. Skråmestø disse...
    oh, a inveja!

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