Bota feriado

Enquanto forma de celebração ou mecanismo de manutenção da memória de um colectivo social, os feriados nacionais valem o que valem. No nosso país, o peso atribuído às efemérides católicas diz bastante da violência monocultural que continua a vigorar num Estado supostamente laico.
Proposta pessoal para nova agenda de feriados:
A manter:
- o 25 de Abril
- o 1º de Maio
A eliminar:
- todos os outros em vigor
A acrescentar:
- 1 de Janeiro (novo ano, novas resoluções): dia do ambiente
- data a definir: dia da luta contra a pobreza e a exclusão social (uma temática específica designada anualmente)
- oito de Março: dia das mulheres
- 1 de Dezembro (a escolha da data evocaria simbolicamente a refundação do país segundo uma nova premissa): dia da mestiçagem cultural
- 28 de Junho: dia do cidadão gay, lésbico, bissexual e transgénero

11 Comentários:

  1. Venus as a boy disse...
    Desde que o número total de feriados não diminuisse tudo bem...
    Anónimo disse...
    mas o 1 de Janeiro e o 1 de Dezembro já são feriado!

    e o 5 de Outubro ia pra onde?
    Daniel J. Skråmestø disse...
    Eu não dispensava a implantação da república, a restauração e o Dia de Camões e das comunidades lusófonas.
    Daniel J. Skråmestø disse...
    E também me custaria acabar com o Natal

    Quanto ao São João, por mim pode ir à vida, mas tratas tu disso aí no Porto, ok?
    Major Tom disse...
    A república, como está, não é mais do que uma pálida sombra dos ideais que a forjaram, precisamos é de renovar o contrato social. Quanto à festas populares, podiam ser todas concentradas em Agosto (assim como assim, o país pára, por isso vai dar ao mesmo). Não me chocaria também que se pudesse atribuir um dia de falta justificada, ficando a cada cidadão decidir a que credo ou valor o iria consagrar.
    Anónimo disse...
    onde posso assinar a petição? beijo enorme
    Helena Romão disse...
    Porquê os dias das mulheres e LGBT (sobretudo sendo feriados), e não um dos homens e outro dos hetero? É só uma perpetuação da necessidade de um dia como "compensação", como se nos conformássemos com uma desigualdade que sabemos que não vai desaparecer... e então dá-se um diazito para consolar.
    Ou há igualdade e dias para todos, ou há dias só para uns...
    Major Tom disse...
    A proposta serviria apenas se continuarmos a achar pertinente a existência de feriados enquanto datas com algum valor simbólico associado. Nesse sentido, poderiam ser entendidos como formas de relembrar ou relançar uma luta que ainda está longe de terminar (nalguns casos não começou sequer). Daí não fazer sentido falar de "um dia do homem ou do hetero" ou, já agora, do branco, urbano e católico: eles já são a norma cultural, económica e social, a prática discursiva que esmaga todas as outras possibilidades identitárias.
    Helena Romão disse...
    Eu percebo esse argumento, mas como mulher, não consigo deixar de achar que o dia 8 de Março hoje é visto com condescendência. É sempre assim que o sinto, quando nesse dia me desatam a dar rosas por tudo e por nada no meio da rua. Género: "coitadinhas, são tão frágeis, tomem lá um dia...", "hoje andamos todos atrás de vocês a dizer que são bonitas".

    Só que nesse dia, as mulheres que sofrem habitualmente violência doméstica continuam a sofrê-la. As mulheres que iriam ser despedidas por terem engravidado, foram-no à mesma - depois recebem uma rosinha à saída do prédio, e ninguém percebe porque raio uma mulher não há-de estar feliz no dia da mulher...


    Preferia falar de um dia de luta pelo fim das discriminações todas, outro pelo fim da violência doméstica, mais um pelo fim da pedofilia, etc. Com programas bem estruturados e com meios suficientes para combater estes problemas, a funcionar em pleno.
    Fabi disse...
    :))) Vamos diminuir os feriados e aumentar os dias de férias como na Alemanha, França, acho eu...
    Deixa lá, nem fales, e eu que achava que o Brasil era recordista de feriados, já vi a quem puxamos! O engraçado é quando tu perguntas as pessoas nem sabem pq é feriado!!
    Mas confesso que gosto de ter umas mini-férias de vez em quando.
    A proposta de Venus a boy é boa ;)

    beijitosssss
    Anónimo disse...
    Helena gostei muito dos comentários que aqui nos deixas- te!
    Concordo em geral com as opiniões por ti expressas mas não acho que valha a pena criar dias para o que quer que seja. Aínda não me tornei completamente descrente em relação há luta justa pela igualdade mas não consigo encontrar utilidade nos "dias e feriados". A luta tem que ser diária e é dificil, longa e desgastante os feriados são para descanço do povo e da memória que deviam evocar.

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