Planeta identidade


Era uma leitura adiada há já algum tempo, ontem terminada com a gata ao colo e sob o aconchego de um Sol de fim de dia. Amin Maalouf, jornalista e escritor, natural do Líbano e residente em Paris, de formação eclética e defensor da miscigenação, escreveu este pequeno ensaio sobre o poder opressor das identidades, em jeito de apelo humanista à desconstrução do ódio entre culturas. Os princípios básicos de "As Identidades Assassinas" são simples: caminhamos para a proliferação exponencial das identidades fronteiriças, e somos o resultado de um compósito de pertenças identitárias (entre outras coisas sou português, mas também europeu, homossexual, sociólogo e portuense, e cada uma destas facetas é realçada de acordo com a situação em que me encotro). Neste cenário, a política deve ser algo que parta da indiferença ou indistinção das pertenças identitárias dos indivíduos e colectivos. Devemos para tal procurar estabelecer o postulado da reciprocidade dos contactos culturais. Em democracia, nem maiorias nem minorias devem ditar a lei. O cimento deve ser o respeito fundamental por todas as configurações identitárias, desde que salvaguardados alguns direitos humanos básicos. Apenas deste modo se pode combater, sob o signo da mundialização, o risco de uma uniformização hegemonizante de uma cultura sobre todas as outras ou a violência do choque entre as tribos planetárias (religiosas, políticas ou culturais), caminhando simultaneamente para uma ideia de universalidade, alimentada pela infindável riqueza da diversidade de patrimónios da humanidade.
Desenho da Mimi.

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