O gato chileno
Luis Sepulveda, esta noite, na Biblioteca Municipal de Matosinhos, a pretexto do lançamento do livro mais recente - O Poder dos Sonhos (fez logo questão de sublinhar que não se tratava, apesar do título, de um manual de auto-ajuda), relembrou-nos a necessidade de reabilitação da ética na vida social, cultural e política das sociedades actuais. Dessa necessidade, e por se considerar cidadão antes de escritor, nasceu esta obra não ficcionada (pelo menos formalmente), como resultado de um conjunto de reflexões sobre o estado da sociedade chilena e dos seus percursos. O auto também sublinhou eloquentemente, naquela forma quente e cativante que a sua voz destila, a importância do encontro entre culturas como algo de enriquecedor (ele próprio é neto de dois espanhois, uma do País Basco e outro da Andaluzia, de uma italiana e de um índio do Paraguai). Foi dessa convicção, aparentemente, que nasceu a história de um certo gato que, ao perceber que não podia ser como uma certa gaivota, aceitou essa diferença e dela fez um objecto de paixão.