Provocações


Finalmente calhou-me na rifa um professor destemido, que não se ensaia nada para acender polémicas na sala de aula. A última foi a afirmação de que a democracia é um regime muito caro, e daí a sua inexistência nos países pobres. A anteceder a afirmação, a cristalina explicação: a percentagem de pessoas às quais era conferido o direito de voto foi, no nosso país, ao contrário de toda a Europa Central e do Norte, diminuindo entre as décadas de 1870 e 1930, estabilizando até aos anos 60. Por sua vez, a evolução do Produto Nacional Bruto caminhou no mesmo sentido, o que explica que, se em 1870 tínhamos duas vezes mais (!) rendimento per capita que a Dinamarca, 50 anos depois apenas atingíamos 35%. Contudo, a esperança não morreu. Os últimos 30 a 40 anos tornaram Portugal num case study de sucesso na tentativa de recuperar o tempo perdido (e aqui cabe obviamente o salto enorme em termos de escolarização, que podemos constatar simplesmente comparando as nossas habilitações com as dos nossos pais e as destes com as dos nossos avós). Daí também a gravidade extrema da queda dos últimos 4 anos. É como se o TGV de repente decidisse parar num apeadeiro de província. O problema é que todos as outras linhas continuaram activas...
PS: engraçado, as Renas têm andado às voltas com as mesmas interrogações...

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