Teenage wonder


Das coisas que mais sinto falta é da capacidade para me maravilhar, aquela sensação intensa de estar a presenciar algo de único, fabricado propositadamente para mim. Era essa a experiência de ver Bergman ou Fellini, de ver o Indiana Jones no maior ecrã do país, no Coliseu do Porto, de ler Oscar Wilde ou ouvir David Bowie. Depois o prazer deu lugar à racionalidade, e já não conseguia atravessar as vivências sem me distanciar e procurar os limites do cenário, encontrar os bastidadores, e expôr aos olhos de todos o mundo real onde tudo era inventado. Desse mergulho na razão apenas retenho uma vontade muito grande de não me assustar com sensações que não me cabiam no peito. Talvez a adolescência seja isso, essa megalomania emocional. É preciso tempo (e vontade) para regressar sem vergonha ao maravilhamento, a essa capacidade de nos rendermos ao imprevisto.

3 Comentários:

  1. Randomsailor disse...
    E ser maravilhado com a realidade? Parece-te impossível?


    Fica bem!


    Randomsailor
    Major Tom disse...
    A realidade na verdade nunca deixa de me surpreender, mas aí não estamos no plano fantástico, como diria o Tennessee Williams...
    Randomsailor disse...
    Bom, bom... a realidade do Tenesse Williams também era muito negra...
    Quanto ao fantástico, sempre tens o episódio III da Guerra das Estrelas para o ano, serve de alguma coisa??? :D

    Entretanto, fica bem!

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