Trabalho social superstar


Mais uma deslocação a Lisboa, desta vez para mais um encontro transnacional sobre economia social. O meu descrédito e a minha incapacidade para acreditar neste tipo de trabalho aumentam a olhos vistos, de encontro para encontro. É como se os técnicos dos projectos vivessem numa espécie de circuito de auto-celebração, a louvar com pancadinhas nas costas (e aprovação de mais projectos) os seus próprios "sucessos". Bem sei que é uma batalha dura e que o adversário é descomunal, que lutar dentro da sociedade civil por soluções alternativas à economia global é algo que devo sempre defender... mas não a todo o custo. Parecemos incapazes de reconhecer os insucessos, e a própria fadiga das dinâmicas nos tolhe a criatividade para procurar alternativas. Como alguém dizia neste seminário, onde foi apresentada a criação de mais um observatório social, desta feita virtual: "qualquer dia temos mais observatórios do que observados"! A verdade é que já dispomos de estruturas, públicas e civis, que pura e simplesmente não são utilizadas. Há aqui também uma espécie de cegueira tecnicista, um tanto ou quanto arrogante, que me faz sempre suspeitar que o discurso do empowerment das populações-alvo das intervenções sociais não passa de um adorno linguístico. Nunca me conseguiram provar que as soluções já estão todas pré-definidas, e ninguém resiste à tentação de pensar que descobriu a panaceia para todos os males. E mais, ninguém refere sequer o próprio interesse dos sujeitos deste trabalho. Ou seja, se existem respostas disponíveis e se as pessoas não aderem... o problema está nas pessoas?

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