O rugido do Leopardo


"É preciso que algo mude para que tudo fique na mesma", dizia Tancredi/Alain Delon ao Príncipe de Salina/Burt Lancaster. A civilização ocidental relembrava e sintetizava assim a sua lógica binária de dominantes e dominados, na voz de duas personagens emblemáticas, tornadas célebres pelo livro de Giuseppe Tomaso de Lampedusa e mais tarde no filme homónimo de Luchino Visconti. Em meados do século XIX, a península itálica era ainda um conjunto desagregado de pequenas nações. No reino da Sicília, uma aristocracia secular ao estilo feudal dispunha do poder e morria de tédio. Mas as coisas iam mudar, com a revolução de Garibaldi a aterrar na grande ilha. Vale a pena a leitura (ainda que na versão original, a que me atirei para exercitar a língua, me tenham escapado seguramente muitas subtilezas): pela entrega à sedução irresistível de um Leopardo no turbilhão da História, mas também pela viagem fascinante à aridez e riqueza da cultura siciliana.
Durante a procura de imagens sobre o filme, deparei com curiosidades suficientes que justificassem um post autónomo só sobre o Burt Lancaster. Já sabia que ele tinha sido um artista de circo e que não tinha qualquer tipo de formação como actor. Já quanto à sua presumida bissexualidade, quanto a mim, só parece acrescentar um charme adicional a uma figura que, pela combinação sui generis de masculinidade e sensibilidade que imprimia aos seus personagens, sempre figurou no meu panteão pessoal.

2 Comentários:

  1. Rita Oliveira Dias disse...
    Este é um dos filmes do teu coração! Acho que o vi apenas uma vez e deixou-me uma impressão tão forte que ainda hoje recordo imagens dele.Tambem gosto do Burt tem algo de leão selvagem e inteligente.
    Daniel J. Skråmestø disse...
    Eu adoro esse livro. Não só é genial como tem o toque mistico de ter sido o único que o senhor de Lampedusa escreveu.

    O filme ainda não vi.

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