Mariana ou o olhar contra-hegemónico
Ao teorizar sobre os impactos daquilo que por necessidade de arrumação chamamos de globalização, o Boaventura de Sousa Santos não deixa nunca de sublinhar que o crescimento dos globalismos sempre contribuiu para acentuar os localismos. Pessoalmente, tenho andado fascinado com a tradução desta hipótese em relação a fisionomias particulares, aqueles conjuntos ou pormenores que fogem ao monocromatismo dos cânones de beleza. Sou capaz de pasmar tempos infinitos para um nariz quebrado, uma linha de rugas, um tufo de cabelos indomáveis ou uma mão desproporcional, e concebo poucos golpes mais eficazes contra o pensamento homogeneizante do capitalismo mundial do que esta imagem que me aterrou na caixa do correio, belo e genial exemplo, diria, de que o combate pela diversidade começa por não conseguir definir este cabelo sem usar uma ou duas imagens poéticas (e não é a poesia o elogio do único e do irrepetível, Mariana?).
é uma imagem contra hegemónica também, directinha para a irrepetibilidade da mariana e para a tua incontornável qualidade.É um privilégio imenso ter-te conhecido.