Geringonça sentimental


Dois traços projectados num azul oceânico, com sabor a infância, unidos num olhar. É assim que a memória vai impor este tempo, uma tela de emoções, um cinema privado com o som de aventuras ausentes a ecoar nas suas paredes. Os dias, assim como que tingidos de erotismo, são já uma nostalgia que a rotina tornará vaga e onírica. Mas as sombras que escurecem o caminho amanhã serão ainda os corpos ausentes do presente, a filtrar a luz que os penetra.
Talvez não saibas, mas o que encontro nos teus recantos sou eu. Porque sou eu que te sonho, sou eu que te invento, és o eco do meu pensamento. Nos teus lábios gerei um outro eu, em que depositei o carinho que apenas eles me souberam devolver. Mais tarde não passaremos de palavras, até os nossos sexos, mas o que me espanta agora é que teimo em ficar indiferente à cidade que mora dentro da minha janela.

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