Sarrabiscos


Não parece, mas já foi há doze anos. Nesse tempo, um amigo alugava aqueles espaços a cheirar a mofo no velho casario do Rua Chã ou do Bonjardim, transformando aquele chão de tábuas carcomidas e as paredes de estuque esburacado numa espécie de atelier comunitário, onde desembocávamos quando não tinhamos nada melhor para fazer (ou seja, com frequência). Um com pinturas, outros com artesanato de couro e missangas, outros só de passagem, como a Isabel, por cuja presença eu nutria na altura uma paixão platónica, nunca assumida (hoje em dia é habitante de Roterdam). Um dia alguém trouxe um livro do Almada Negreiros. Pelo efeito causado pelas imagens, é possível que tenha trazido algo mais (para fumar) com ele. Decidi experimentar uns desenhos naquele estilo e descobri que conseguia às vezes encontrar monstrinhos escondidos nas folhas de papel.

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