Apontamentos da mente
Há duas coisas com as quais nunca soube lidar muito bem. Uma é o facto de ter de comprar ou receber alguma coisa nova: fico sempre com um sentimento de culpa porque visualizo logo um planeta engolido por uma camada de lixo cada vez maior de dia para dia. Também me cruza o pensamento aquela visão budista de que nunca chegamos na realidade a possuir nada, e que somos apenas uma entidade de passagem a arrendar um corpo que não nos pertence. Ou então aquela música do Gilberto Gil, que diz que "as coisas não tem paz". Por outro lado, também nunca me consegui integrar em equipas: ser português, ser jovem, ser tripeiro, ser sociólogo, ser homossexual, ser homem... nunca foi para mim. E fico pasmado cada vez que realizo a facilidade com que se acredita nestas ficções.