Após um almoço bem servido na cantina de Matemática, na companhia dos camaradas da ILGA e do próprio Borrillo, disponível e simpático para todos, regressamos à complicada arquitectura do ISCTE. Lígia Amâncio, autora com um longo percurso na área do género, relembra a contradição presente dentro da própria Declaração Universal dos Direitos Humanos, documento aparentemente assexuado, no registo do ser humano como entidade individual, com a excepção importantíssima e sintomática do artigo 16º, onde se fala do direito à união de um casal, aqui necessária e especificadamente um homem e uma mulher. Para Lígia, este exemplo constitui uma demonstração eloquente de como o casamento se apresenta ainda como o núcleo duro da ordem de género.
Logo depois, um empolgado e empolgante João de Pina Cabral, antropólogo de quem me lembro de ter lido uns textos, dissertou acerca da forma como o próprio discurso dos antropólogos contribuiu para uma leitura naturalizante do casamento, classificando os modelos não normativos (leia-se não ocidentais) como desvios ou desafios à funcionalidade social. No pós-guerra, inúmeros trabalhos de campo contribuem para um novo confronto com a alteridade, tal como no Renascimento, despoletando um processo de desnaturalização desta instituição, em paralelo com um processo concomitante de ‘estranhamento’ das culturas cujo regime de género e matrimonial se apresentava como distinto do quadro de referência europeu e norte-americano dos investigadores (a inflamada intervenção, enquadrável numa espécie de sociologia da antropologia, pareceu deixar o orador fisicamente esgotado).
Ref.: Aprender a ser Homem, de Lígia Amâncio (org.)(2004). Lisboa: Livros Horizonte
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