Coisas da vida
Uma amiga queixou-se de que lendo a orquídea fica a saber o mesmo sobre as minhas andanças, porque me dá para lançar bitates sobre isto e sobre aquilo e não contar coisas da vida. Ora bem, cá vai um ponto de situação: depois das férias, regressei carregado de energia, mas para fazer tudo o que não tinha a ver com trabalho. A ver se me faço entender. Continuo a adorar a minha profissão, mas é difícil manter a chama da paixão acesa quando ela nos suga quase todas as nossas energias e nos regula autoritariamente o tempo. Nos interstícios, apenas tenho conseguido lamuriar-me sobre os trabalhos que não fiz para a faculdade, actividade em que perco mais tempo e energia do que necessitaria para realmente os produzir. Acabei de saber que consegui ficar com o orientador que tinha escolhido, e vou-me encontrar com ele na próxima segunda não com as mãos a abanar, mas encostadas à cabeça, em expressiva encenação de angústia que tenho ensaiado repetidas vezes ao espelho. O meu professor chama a isto diferir a ansiedade (que em português prosaico quer dizer arranjar desculpas esfarrapadas). Esta semana concretizei uma ideia já muito antiga, a de comprar uma Vespa. Simplesmente ando tão atarantado que ainda nem consegui andar com ela, apenas projectar um magnífico post em que ela vai iria aparecer em todo o seu esplendor. Aqui na Praceta, porque em Portugal o progresso continua a ser igual a vias rápidas, acabaram de abater a árvore mais magnífica de todo o quarteirão, quando no resto do mundo civilizado (expressão etnocêntrica, sem dúvida) não poupariam esforços para a salvaguardar da furiosa presença humana. Também tenho andado algo contemplativo, e talvez seja aqui que me tenha detido mais tempo, a radiografar este Outono. Os meus sogros chegaram. Tá na hora de ir fazer sala. A novela continua depois do intervalo.
p.s. beijos, meus amores