Chiaroscuro epistemológico


Já na escola achava que analisar um poema era destruir a sua poesia. Vivemos fascinados com o mistério mas apenas enquanto ele se apresenta como tal. Por exemplo: tenho ideias que me apaixonam durante um curto espaço de tempo como temas passíveis de investigação, mas logo um aprofundamento inicial, uma tentativa de explicação, mina a paixão por esse até aí desconhecido, que começa a sua metamorfose de oculto a exposto, da sombra para a luz. Logo eu, que sempre preferi a penumbra, onde o meu olhar projecta a imaginação, como faziam os grandes pintores fiorentinos com o chiaroscuro. Isto não é o mesmo que dizer que quem não conhece é feliz. A felicidade reside antes na expressão de todas as liberdades, e para isso é importante o conhecimento, enquanto foco que desmonta o mecanimo que lança a sombra sobre os objectos e lhes empresta densidade.

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