Receita de Fafe


Junte-se doses industriais de machismo ancestral, reproduzido de geração em geração (entre pais e filhos, alunos e professores, maridos e mulheres, amigos e colegas), hábitos de consumo galopante de álcool, uma tradição de porte, licença e uso de armas de fogo, numa terra descaracterizada pelos símbolos do pseudo-progresso (rotundas e outros elefantes brancos), acrescente-se um ódio irracional pelas terras vizinhas, e constate-se a inexistência de um cinema, teatro ou livraria. Misture-se tudo e eis Fafe em todo o seu esplendor.
Um exemplo: uma rapariga que tenho acompanhado no balanço de competências confessava que trabalha já há vários anos numa fábrica de confecções (outro ingrediente típico da região) sempre com a categoria de aprendiz (o que significa na prática que ganha pouco mais do que um valor miseravelmente simbólico). Segundo as suas colegas de trabalho, ainda não foi promovida por ser solteira. O facto importante: ela acreditou.
PS: a imagem é mesmo de Fafe (observem com atenção)

2 Comentários:

  1. Major Tom disse...
    grazie, boss
    a verdade é que ainda estou a descobrir a paisagem humana, e é verdade que temos tendência para nos espantarmos primeiro com as diferenças em relação ao nosso background. com o tempo, espero, vou conhecer o(s) outro lado(s) da(s) história(s)
    Anónimo disse...
    É apenas um pequeno exemplo do que é o vale do ave. Um importante centro industrial e produtivo do nosso país, mas que essencialmente resulta do esforço da mão de obra. Os empresários, na sua grande maioria (empresário de confecção) não tem a mínima formação para poder gerir recursos humanos. Conclusão que podemos esperar de tudo isto, senão este resultado aqui retratado.

Deixe um comentário







Recomenda-se


Outras paragens



anodaorquidea[at]gmail.com
 

© O Ano da Orquídea 2004-2007