Diário íntimo de um trabalhador-estudante


Estou perdido na incapacidade de me traduzir. Faltam palavras e sobram pensamentos e coisas para fazer. Já não sei trabalhar. Os livros acumulam-se, passeio o portátil por todo o lado, e apesar de ser previsível desde o início, reconheço que é difícil gerir esta sensação de não conseguir levar nada até ao fim, semelhante à ideia de estar dentro de uma corrente a tentar conduzir um barco sem remos. Sabemos que o mundo não para, e que dentro em breve há sempre qualquer coisa a acontecer, mas estamos incapazes de agir. Por isso, num Domingo em que o país está outra vez hipnotizado com futebol e em que tudo o que é importante parece perder a sua importância, sabe ainda melhor fazer assim: rodear-me de tentações, fazer de conta que não há segunda-feira e acrescentar em cada uma das divisões da casa um novo capítulo ao manual erótico do Tom of Finland. Pelo menos assim consolo-me com a ideia de que afinal até há coisas que levo até ao fim...

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