Ciência do lixo
A propósito disto de investigar e de brincar às ciências sociais, tivemos hoje uma aula sobre análise de conteúdo. Como de costume, iam-me surgindo metáforas visuais para os tópicos abordados (é um vício de que não me consigo desligar). Lembrei-me, a propósito de fazer o texto falar, ou seja, da necessidade de construir categorias a priori para analisar os objectos, daquela cena n' O Nome da Rosa, em que uma folha de papel aparentemente inócua escondia, escrita a tinta feita à base de sumo de limão (se não me falha a memória), um texto verdadeiramente importante para o desenrolar da intriga. As palavras ocultas apenas emergiram, contudo, aproximando da folha um pouco de lume, tal como o investigador 'ilumina' o texto com as suas categorias de análise. A segunda comparação visual foi mais curriqueira. Ocorreu-me, a propósito ainda da ideia das categorias que se constroem previamente e onde vamos encaixando as unidades de análise, a imagem de um aterro que visitei. A ideia de conhecimento como reciclagem de outros conhecimentos e criação de algo novo também se parecia encaixar como uma luva. Dizia eu, no aterro, num pavilhão gigantesco, uma equipa de mulheres com ar muito concentrado separava o lixo proveniente de descarregamentos de eco-pontos no topo de um tapete rolante sob o qual se alinhavam vários contentores de vários metros de altura, cada um destinado a um tipo de lixo distinto: os papeis, os garrafões de plástico, as latas, as sacas, e por aí fora. Ocorreu-me também que, tal como o investigador, também aquelas senhoras se terão deparado muitas vezes com um tipo de lixo diferente e pensaram: 'hmm, aqui já marchava era outro contentor!'
2 Comentários:
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- Anónimo disse...
11:37 da tardeAs coisas que tu pensas quando estás com aquele ar ausente na aula...podias ajudar com estes exemplos bem mais interessantes, que aquelas estafadas recorrências do Magalhães e nossas...ainda bem que tens um blog!!!- Anónimo disse...
11:37 da tardeAs coisas que tu pensas quando estás com aquele ar ausente na aula...podias ajudar com estes exemplos bem mais interessantes, que aquelas estafadas recorrências do Magalhães e nossas...ainda bem que tens um blog!!!