Ciência do lixo


A propósito disto de investigar e de brincar às ciências sociais, tivemos hoje uma aula sobre análise de conteúdo. Como de costume, iam-me surgindo metáforas visuais para os tópicos abordados (é um vício de que não me consigo desligar). Lembrei-me, a propósito de fazer o texto falar, ou seja, da necessidade de construir categorias a priori para analisar os objectos, daquela cena n' O Nome da Rosa, em que uma folha de papel aparentemente inócua escondia, escrita a tinta feita à base de sumo de limão (se não me falha a memória), um texto verdadeiramente importante para o desenrolar da intriga. As palavras ocultas apenas emergiram, contudo, aproximando da folha um pouco de lume, tal como o investigador 'ilumina' o texto com as suas categorias de análise. A segunda comparação visual foi mais curriqueira. Ocorreu-me, a propósito ainda da ideia das categorias que se constroem previamente e onde vamos encaixando as unidades de análise, a imagem de um aterro que visitei. A ideia de conhecimento como reciclagem de outros conhecimentos e criação de algo novo também se parecia encaixar como uma luva. Dizia eu, no aterro, num pavilhão gigantesco, uma equipa de mulheres com ar muito concentrado separava o lixo proveniente de descarregamentos de eco-pontos no topo de um tapete rolante sob o qual se alinhavam vários contentores de vários metros de altura, cada um destinado a um tipo de lixo distinto: os papeis, os garrafões de plástico, as latas, as sacas, e por aí fora. Ocorreu-me também que, tal como o investigador, também aquelas senhoras se terão deparado muitas vezes com um tipo de lixo diferente e pensaram: 'hmm, aqui já marchava era outro contentor!'

2 Comentários:

  1. Anónimo disse...
    As coisas que tu pensas quando estás com aquele ar ausente na aula...podias ajudar com estes exemplos bem mais interessantes, que aquelas estafadas recorrências do Magalhães e nossas...ainda bem que tens um blog!!!
    Anónimo disse...
    As coisas que tu pensas quando estás com aquele ar ausente na aula...podias ajudar com estes exemplos bem mais interessantes, que aquelas estafadas recorrências do Magalhães e nossas...ainda bem que tens um blog!!!

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