A febre dos irmãos Veloso


Pois é. Noite de São João e eu em casa com a cabeça a ser cozinhada por quase 39 graus de febre. Logo hoje que eu pensava poder matar saudades da noite tripeira... chuif. Bem, enquanto todos vocês se divertem, tencionava falar para o ecrã sobre a minha paixão pelos manos Veloso. Mas de repente perdi toda a vontade, e só me apetece que regresse o meu Venus. Sim, ainda por cima dei folga ao enfermeiro esta semana! Se ele voltasse, então sim, falaria do impacto daquele outro corpo brasileiro, franzino e moreno, daquela voz que me arrepiou com a frase "Ele me deu um beijo na boca", no primeiro álbum que saquei (não da net, na altura a fonte eram as prateleiras dos pais dos amigos) com o mano Caetano na capa. Também diria que na altura levava a sério todas as suas palavras, mesmo as que mais tarde reconheci serem irónicas ou mordazes e bem humoradas. Se tivesse vontade, iria descrever também a forma mágica como descobri a voz da Maria Bethânia nuns auscultadores emprestados, em plena Serra do Gerês e em pleno momento de enamoramento platónico pelo meu melhor amigo, e também da forma como se entregava aos registos ao vivo, com a diva, magra, cabeluda e moreníssima, a encenar toda e cada uma das frases que cantava, frequentemente fora do tom (but who cares!) e intercalando as músicas com textos do Fernando Pessoa. Também sublinharia que nos dois o que mais gosto é a fusão da cultura popular brasileira, a intervenção política, e a noção livre da sexualidade, que reconheço não estar presente em toda a sua produção. Mas enfim, sobre os manos Veloso ainda surgirá oportunidade um dia para discorrer.

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