Cândido, segundo Voltaire


Lê-se numa tarde esta alegoria cínica e fantasiosa sobre o universo Iluminista. Nela, Voltaire relata as aventuras e (sobretudo) desventuras de Cândido, um antigo preceptor, e seus companheiros de viagem: Pangloss, o filósofo optimista e Martin, o eterno pessimista (nos dias de hoje, o primeiro veria a retirada dos colonatos israelitas como o início de uma resolusão harmoniosa do conflito; para o segundo, pelo contrário, seria apenas mais uma etapa na caminhada inevitável para o abismo). Viajando de terra em terra, incluindo uma estadia no mítico Eldorado (onde quase se morre de tédio, de tanta riqueza e harmonia) e após uma sucessão de tragédias, a odisseia finalmente termina com a reunião de todos os personagens, incluindo o reencontro com a amada Cunegundes(!), e todos reflectem sobre o sentido da vida. A conclusão é quase anti-filosófica: seja qual for o significado de tudo isto, ele só se encontra no trabalho, que nos liberta de três calamidades: o aborrecimento, o vício e a necessidade. Se Voltaire o diz...

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