E agora éramos os cinco!
Ainda me acontece, quando visito um castelo ou entro numa gruta, ou quando olho para a Ínsua de Moledo, imaginar-me dentro de uma aventura da Enid Blyton. A matriz do meu imaginário adolescente deve muito a essa pérola da literatura juvenil: Os Cinco. Anos mais tarde tive oportunidade de assistir com grande desilusão à versão televisiva da série. Para mim era impossível associar aqueles cinco amigos àquele sucedânio desensabido que eu via no pequeno ecrã, quase ofendido. Acho que aprendi com eles o valor da amizade, do trabalho de equipa, um bocadinho sobre o crescimento e o gosto pela literatura. Da mesma autora ainda li uma colecção da minha irmã: As gémeas no colégio, mas não criei empatia com as personagens. Claro que, sob um olhar adulto e cínico, poderia desmontar tudo aquilo e afirmar com arrogância que havia ali algo de etnocêntrico, chauvinista e até sexista (não era a Zé uma maria-rapaz angustiada e a Ana uma florzinha de cheiro sensível e medricas, mas adorada por todos?). Nevertheless, havia também a magia que me fazia mergulhar noutro universo, cheio de mistérios, surpresas, brincadeiras e lanches que realmente me abriam o apetite.
je_bois
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