Us the family


Tenho estranhado estas últimas quintas-feiras. Oficialmente, é o dia de reunião de família, o que quer dizer jantar em casa dos pais, com a irmã, cunhado e sobrinhas. Estando estes de férias, acabo por ficar a sós com os meus pais, o que, apercebo-me agora, é uma situação bastante rara nos últimos anos. Revejo neles o meu próprio incómodo com a situação, como se já nenhum de nós se lembrasse como se desempenha este papel. Supreendentemente, os encontros têm sido bastante regados com conversa. É como se a tensão que eu recordava existir entre nós se substituísse agora por uma espécie de serenidade, sobretudo sem a presença de crianças, que são naturalmente catalizadoras de toda a atenção e energia. E assim, conversamos. Falamos de coisas simples: comida, lugares, a alteração do trânsito na rua ou as festas de Caminha. O Venus está no seu próprio jantar semanal, mas também aparece aqui, no diálogo. Sabemos que não podemos já ir muito longe, mas gosto desta espécie de harmonia momentânea que se desenha em cerca de duas horas. Sei que é assim porque é efémero, mas ainda assim é um reencontro, e fico contente por isto poder existir entre três pessoas que já formaram outrora um outro círculo afectivo, num tempo em que todas as tempestades do crescimento ainda não se vislumbravam no horizonte.

4 Comentários:

  1. bueno disse...
    lindo texto. passei por aqui entre cliques desordenados, e gostei do que ví, lí e percebí. é bom demais "ler" algo inteligente e sensível.
    Anónimo disse...
    gostei muito do texto e, sobrteudo, do que ele me diz desse pedacinho tão difícil da tua vida, meu amor lindo.
    1deabril
    Anónimo disse...
    VEJAM SEM FALTA O TEXTO DO jOAQUIM mANUEL mAGALHÃES NO eXPRESSO DESTA SEMANA. dÊM UMA ESPREITADELA NO JORNAL PARA PROFEDS "A PÁGINA", DA FENPROF E LEIAM:
    "gay and lesbian community notes" na zmag.org:

    http://zmagsite.zmag.org/JulAug2005/bronski0705.html
    1deabril
    João M disse...
    Totalmente identificado, sendo que no meu caso o elemento catalisador era a minha irmã, que entretanto já fez 19 anos e pára pouco em casa.

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