Dinossauros do amor e cavalos a galope


Então é assim: num livro podem-se reviver e sistematizar muitas experiências e pensamentos. O senhor Jean-Claude Kaufmann, bastante famoso no circuito da sociologia, decidiu que era interessante pegar na questão da vida a só, naquele que ele considera um fenómeno recente em termos históricos e que contem em si o germe de um novo paradigma da vida moderna. Em termos de vivência a só (que não é equivalente à vida solitária), ele distingue dois tipos de experiência, explorando sobretudo testemunhos de mulheres (há que fazer urgentemente o estudo dos homens neste campo; seremos assim tão mais predadores do que elas? e os meninos que anseiam pelos seus príncipes? será a mesma coisa?): por um lado, temos os dinossauros do amor, agarrados a uma ideia tradicional e romântica da relação a dois; viver sozinho, para estes, não é uma opção, resulta da ausência de alternativas; o sentimento predominante é, como seria previsível, a frustração e a eterna espera pelo príncipe encantado. Por outro lado, temos os cavalos a galope, verdadeiros profissionais da vida a só, que incluem a sua vivência afectiva numa dinâmica que envolve outros objectivos, como sejam a satisfação pessoal, profissional ou expressiva. A vivência, neste caso, é a de realização e exploração de horizontes. Reside neste modelo, claro está, o tal bichinho da revolução. De quê? Pois da vida doméstica, da intimidade e da vida a dois.
Diz ele. O livro chama-se “A mulher só e o príncipe encantado”, e é da Editorial Notícias.
Por onde ficaram os dinossauros a galope?

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