Mar


No breve período em que vivi em Itália – oito meses mais uns mesitos pingados – penso que aquilo de que mais falta senti foi o mar. Foi engraçado (e assustador) perceber como podemos ser assim dependentes desse apelo do abismo aquático, desse infinito ondulante. Paradoxalmente, sair foi enraizar. Isto é, só percebi estando lá que já tinha lançado sementes por cá, em terras lusas, e precisava de as vir cultivar, deixar criar raiz, acarinhar e fazer crescer. Ainda hoje não sei de que cor serão e qual o sabor dos seus frutos, mas agora já posso dizer que valeu a pena tanta semana sem rissol e bacalhau.
A melhor foi que quando voltei, só passado quinze dias é que fui finalmente à beira-mar, como se o que me faltasse não fosse olhar mas somente estar próximo do oceano, como se dentro de mim habitasse um peixe melancólico.

2 Comentários:

  1. Major Tom disse...
    Pois, presumo que em Roma até possa ser diferente, mas de Turim o que me faz mais falta é ver os Alpes lá ao fundo, e a tagarelice eléctrica e urbano-depressiva dos meus amigos.
    Bekx (JGG) disse...
    Talvez porque o mar funciona para ti como a igreja para a maior parte dos crentes. Basta saber que está a um passo...

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