Trabalho

Hoje acordei puto da vida. Aquilo que eu temia e que aguardava já há meses finalmente aconteceu: a notícia do desemprego. Bem, não é propriamente uma novidade, já é velha de quatro meses; mas hoje, depois de muita resistência e acrobacia mental, a boa nova chegou cá dentro, onde o Eu trata o Eu por Tu.
Apesar do tempo livre, geralmente sinónimo de fossa para quem se vê repentinamente sem trabalho, durante este tempo tinha conseguido transformar esse vazio em liberdade. Racionalmente, pensava: ok, se tanto te queixavas de nunca ter tempo para fazer aquilo de que realmente gostas, de que estás à espera agora que te entregaram o tempo numa bandeja?
E, para ser franco, curti. Curti o tempo em si, ou o próprio controle que sobre ele finalmente podia voltar a ter, como antigamente, quando trabalhar era o pesadelo dos outros. Li, voltei a atacar o desporto, dediquei-me às mil e uma subtilezas enebriantes do dolce far niente.
E de repente atingiu-me como um raio a evidência: sem trabalho, qual o prazer em não trabalhar?
Ninguém diga que está bem...

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