O Nariz
Bem sei que há narizes de todos os tamanhos, cores e feitios. Mas uma coisa é conceber isso, constatar o óbvio no que nos rodeia. Outra coisa, completamente distinta, é aprender a viver com o nosso próprio nariz. A mim, o processo de aceitação dessa parte da minha anatomia perante a diversidade nasal da humanidade funcionou por etapas, a um ritmo bastante mais lento e atribulado do que tudo o resto: as borbulhas, os pêlos, o pénis, o cabelo; tudo, mesmo tudo, parecia mais fácil de aceitar do que essa enorme injustiça que é não ter um perfil discreto.
Quando, ainda hoje, a espaços, revejo o meu reflexo no vidro da janela (nunca percebi porquê, mas é nos comboios que isto mais me acontece) e a visão da penca volta a perturbar a minha auto-estima, é sinal de que preciso marcar urgentemente um jantar com os amigos.
Maeloc