Há dias assim
Não me apetece pensar no que aconteceu ontem ao país. A ideia de emigrar ainda está demasiado presente e preciso que ela se esvaneça para por os pés na terra. Já sei como é fácil desinvestir de tudo quando as coisas parecem ir contra e quero combater essa fatalidade. Neste Domingo, depois de votar, aproveitei também para dar um pulo a Serralves, que já não visitava há uns tempitos (fiquei a saber que os estudantes não pagam durante a semana, o que sempre foi uma boa notícia num dia tingido de negrume). Já há muito tempo que me intrigam dois artistas portugueses: a Helena Almeida (na imagem) e o Jorge Molder. Não sou grande conhecedor da arte plástica em geral, apenas apreciador, e por isso tenho dificuldade em perceber o que me fascina naquelas imagens. Sei que tem a ver com as elaborações em torno da identidade dos próprios autores (regra geral são auto-retratos). Às vezes acho que talvez seja essa em última instância a nossa única possibilidade, onde nos podemos aproximar mais do conhecimento ou da verdade: pensar sobre nós próprios. Depois repenso no assunto e apercebo-me que é falso, que estão sempre a acontecer coisas que o desmentem. Coisas como a ansiedade de desejar tanto ou a profunda melancolia de um dia assim.