Silêncio
Com um convite na mão, lá fomos à abertura do Festival do Cinema Francês, versão Invicta, para assistir em primeira mão ao último filme do Alain Courneau ("Todas as manhãs do mundo" pode ser uma referência). "Les mots bleus", uma pequena peça com poucos personagens e ainda menos diálogos, centra-se na relação de uma filha que nunca falou, apesar de não ter sido identificada nenhuma deficiência, e a sua mãe, que nunca aprendeu a ler. Pelo meio um homem emocionalmente incapaz e melancólico, tenta quebrar o circuito fechado da comunicação entre ambas e o que era previsível acontece: um dilúvio de emoções. Recordei-me com nostalgia de um outro tempo em que os medos eram maiores, mas em que me bastavam poucas palavras, e em que esse racionamento verbal podia facilmente ser compensado com um outro enorme e expressivo silêncio, onde os gestos vibravam e todos os olhares ecoavam com mais força. De onde nos chega esta necessidade de falar sempre mais do que é preciso?
3 Comentários:
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- João M disse...
9:55 da manhãas pessoas têm medo q fique alguma coisa por dizer.- Pequenos Nadas disse...
1:54 da tardeas pessoas têm medo do silêncio...- Major Tom disse...
8:02 da manhãas pessoas têm medo da ambiguidade. as palavras muitas vezes dizem menos, condicionam. sem elas, há todo um mundo de possibilidades de dizer e de ouvir.