A lógica do gengibre

De há uns tempos para cá tenho assistido a aulas de Ioga (lê-se Iôga, segundo os entendidos). O que quer dizer que, no jogo permanente entre curiosidade e repulsa, a primeira tem ganho, numa espécide de combate contra a sensação de controle excessivo que uma certa racionalidade tem exercido sobre mim. Ou seja, parece-me benéfico contrariar-me e tentar fazer exactamente o oposto do que esperam de mim. Encontrei esse antípoda no Ioga. Aqui aprendo que somos feitos de energias que circulam, sendo movidos por forças nem sempre convergentes. A ideia é procurar equilíbrios através da meditação, o que supostamente se consegue através dos nasana, exercícios que envolvem um apuro da respiração e um depuramento da condição física, devendo também passar pela alteração de hábitos, entre outros, os alimentares. Na última sessão, quando me queixava da minha renite, que me impedia de fazer aquela respiração malabarista, o instrutor, após uma conversa cheia de metáforas cujo significado, como sempre, me escapou, convidou-se a sair com ele e lá fomos comprar o ingrediente que faltava na minha dieta: gengibre. Ao olhar para aquele tubérculo desengraçado, tive que reunir todas as minhas forças para me manter sério. E consegui. E tenho utilizado, professor. Só não me obrigue, por favor, a juntar no final as mãos em forma de oração para agradecer a essa entidade cujo nome a minha falta de fé impede de fixar.

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