Greetings from Major Tom


Não é que fosse segredo, mas finalmente decidi revelar a minha verdadeira identidade. A todos os que aqui pararem: que o Natal não seja tão mau como da última vez e que consigam atravessar toda a quadra com alguma réstia de sanidade mental, para nos voltarmos tod@s a encontrar por estas bandas depois da tempestade, são os votos muy sinceros do vosso Major, prestes a embarcar numa nova aventura nas margens do rio Minho (pelo menos até amanhã).
A bientôt!

Votos para 2005

Segundo um artigo recente que saiu na revista "Pública", eis algumas das razões para se praticar sexo:
- É um exercício, logo, bom para a saúde;
- (...) exerce efeito sobre a líbido e leva ao desejo por mais sexo, portanto, à prática de mais exercício;
- Diminui os níveis de stress e ansiedade;
- Gasta calorias (...);
- Contribui para a diminuição de dores de cabeça e dores nas articulações;
- Baixa os níveis de mau colesterol (LDL) e aumenta os níveis de bom colesterol (HDL) (...);
- Aumenta os níveis de oxigénio nas células;
- Ajuda a manter a próstata saudável (...);
- Beneficia o sistema imunitário e cardiovascular feminino (...);
- Fortalece os músculos (...).


Uma vez que vou passar uma semana de férias sem acesso à net, completamente afastado das novas tecnologias, aqui ficam os meus votos para 2005. Espero que sejam todos muito saudáveis e pratiquem muuuuuuiiiiito sexo! ;)

Auto-corte


Foi este o resultado de uma das minhas maiores proezas nos últimos tempos: um auto-corte de cabelo, com a ajuda de uma super-máquina, uma tesoura e dois espelhos.
Proezas a pedido no salão Major Tom só com marcação.

Menina não entra


É a maneira mais apetitosa de ir pondo o inglês em dia, e inclui várias preciosidades, entre as quais textos do Edmund White e do Alan Hollinghurst. Ideal para leitura de cabeceira, de preferência com alguém ao lado com os mesmos gostos... literários ;-)

O exorcismo


E finalmente, depois de algumas semanas a adiar por este ou aquele motivo, lá conseguimos reunir quorum para uma sessão de cinema em casa. A escolha - "O Exorcista", do William Friedkin, a mega-famosa história da rapariguinda possuída pelo demónio. A atmostera de terror não resultou, seguramente por causa das expectativas excessivas, alimentadas com anos consecutivos de mitologias não fundamentadas que sempre rodearam o filme (e também por termos desenvolvido todos, penso eu, alguma imunidade contra todos aqueles fantasmas do catolicismo e da sexualidade...). Para outras leituras mais aprofundadas e imagens verdadeiramente arrepiantes, cá vai uma sugestão ;-)

Purrfect!


Para não dizerem que só posto sobre gajos e com gajos, cá vai uma bela foto daquela que Orson Welles uma vez considerou a mulher mais excitante do planeta (não, não era Ava Gardner, essa era o animal mais desejado...). Ela canta, ela interpreta, ela fala cinco línguas! Não há par para a fabulosa Eartha Kitt! C'est ci bon...

"Como o macaco gosta de banana eu gosto de ti"

Todas as vezes que navego por este site lembro-me da famosa música do José Cid :) Experimentem fazer o download integral em pdf das revistas (não, não é preciso colocar o vosso e-mail. experimentem!). Não é todos os dias que aparecem revistas (sobretudo gay) de borla na web...

Conversa com Maloof

Amin Maloouf hoje em entrevista no programa Por Outro Lado, segundo canal, pelas 23 horas. A não perder!
"Nasceu em 1949 numa aldeia do Líbano e, tal como o pai, começou muito jovem a exercer a profissão de jornalista. Acabado de chegar de uma reportagem em Saigão e de uma entrevista em Nova Delhi com Indira Gandhi, Amin Maalouf assistiu da janela da sua casa, em Beirute, a 13 de Abril de 1975, ao violento episódio que desencadeou a guerra civil. Decidiu ir viver para Paris onde, anos mais tarde, já depois do êxito de "As Cruzadas Vistas pelos Árabes" e enquanto escrevia "O Leão Africano", sentiu que queria dedicar-se exclusivamente à literatura. Esteve em Lisboa para o lançamento de "Origens", uma pesquisa sobre a vida dos seus familiares desaparecidos na qual revisita os últimos 150 anos de História da região."

Às voltas com este pensamento

Quase todos precisamos de viver perto da água, mas existem pessoas-rio e pessoas-mar. Eu sou das últimas.

Nós e o Universo


Não me conformo. É mesmo muito estranha esta ideia de que olhando para o céu, à noite, aparte a poluição visual, e se as constelações estiverem bastante acima do horizonte, conseguimos ver a luz de estrelas que já morreram há milhares de anos, que viajou até nós a mil vezes zzt por segundo. Dá para duas sensações: ou nos deixamos encher com a incomensurabilidade de tudo isto, ou nos sentimos microscópicos e absoluta e inquestionavelmente insignificantes. Sirvo-me da última sempre que me sinto a sufocar com algum problema me pareça verdadeiramente grave e inultrapassável.

Javier's back


O homem que se revelou neste filme de Bigas Luna, e que já nos presenteou com várias performances de primeira água (incluindo as personagens gay em Segunda Pele e Antes do Anoitecer ou o violento furacão de As idades de Lulu) está de volta, de novo para mexer connosco. Curiosamente, não foi em nenhuma das personagens de filmes que em Espanha já chamam de gayxploitation que o portentoso Javier se foi afirmando. Gosto do epíteto: el feo guapo. Novidades em breve...

As origens de Amin Maloouf


Ainda a propósito das identidades, mas desta feita às voltas com a ideia de nação, lembrei-me de uma muy interessante entrevista do Amin Maalouf, sob pretexto do lançamento da tradução portuguesa do seu novo romance autobiográfico "Origens". Escritor nascido no Líbano e residente em França, já no anterior "Identidades Assassinas" insistia nesta ideia, do quão brutal pode ser esta tentativa omnipresente de encaixar toda a gente numa palavra e numa bandeira, nessa constelação organizada de interesses que dá forma às nações. Citando, do prólogo deste novo livro: "Não gosto de raízes e da imagem ainda menos. As raízes enfiam-se na terra, contorcem-se na lama, crescem nas trevas, mantêm a árvore cativa desde o seu nascimento e alimentam-na graças a uma chantagem: 'Se te libertas, morres!' As árvores têm de se resignar, precisam das suas raízes; os homens não. Respiramos a luz, cobiçamos o céu e quando nos metemos na terra é para apodrecer.(...) A única coisa que nos une uns aos outros, para além das gerações, para além dos mares, para além da Babel das línguas, será o ruído de um nome."

Judith Butler


Assim, por acaso, dou de caras com a tradução do citadíssimo, mas pouco lido, Gender Trouble, desta... professora de Literatura Comparada e Retórica da Universidade da Califórnia (!), que revolucionou a linguagem da identidade e do género com o seu questionamente desarmante, um dos pensamentos que mais substância conferiu à (mais falada do que compreendida) teoria Queer. Neste trabalho em particular (em fase de leitura), ela questiona algumas posturas do feminismo que, segundo ela, poderão ter contribuído para tornar o conceito de género em algo mais essencialista e cristalizado, não tomando em consideração o lado performativo desta e de todas as outras dimensões da nossa identidade. Em última análise, esta pensamento coloca em questão o próprio conceito (estático) de identidade. Não admira que psicólogos (...e outros 'ólogos') no mundo inteiro fiquem automaticamente com os cabelos em pé com a senhora.
Já agora, a tradução é brasileira, e para quem estiver interessado - "Problemas de Gênero - Feminismo e subversão da identidade", a editora é a Civilização Brasileira.

Em Portugal, saiu muito recentemente um livro muito interessante e percursor nesta área (no nosso país): "Indisciplinar a Teoria - Estudos Gays, Lésbicos e Queer", organizado pelo Fernando Cascais e editado pela Fenda. Para quem se interessa por estas coisas, já conhecerão a maior parte dos intervenientes; para estes e para os outros, fica a sugestão de uma bela prenda de Natal. Outras sugestões em breve...

One from the heart


A outra hipótese no meu personal best de divas improváveis, a fabuloso Terri Garr, nesse fabuloso delírio de Francis Ford Coppola, o tal que levou o Zoetrope, esse sonho de regresso a uma comunidade cinematográfica americana, à falência. Os motivos para o flop ainda não são muito claros: o vanguardismo visionário da obra não parecem explicar tudo, e parece plausível a hipótese de boicote por parte da própria máquina hollywoodesca, pouco interressada em assistir ao sucesso deste rebelde com causa.
Não conseguiram. O cinema nunca foi mais o mesmo.
PS: é tudo bonito de chorar - os actores, os cenários, as músicas, a mise en scene...(obrigado pelo DVD, môr!).

Provocações


Finalmente calhou-me na rifa um professor destemido, que não se ensaia nada para acender polémicas na sala de aula. A última foi a afirmação de que a democracia é um regime muito caro, e daí a sua inexistência nos países pobres. A anteceder a afirmação, a cristalina explicação: a percentagem de pessoas às quais era conferido o direito de voto foi, no nosso país, ao contrário de toda a Europa Central e do Norte, diminuindo entre as décadas de 1870 e 1930, estabilizando até aos anos 60. Por sua vez, a evolução do Produto Nacional Bruto caminhou no mesmo sentido, o que explica que, se em 1870 tínhamos duas vezes mais (!) rendimento per capita que a Dinamarca, 50 anos depois apenas atingíamos 35%. Contudo, a esperança não morreu. Os últimos 30 a 40 anos tornaram Portugal num case study de sucesso na tentativa de recuperar o tempo perdido (e aqui cabe obviamente o salto enorme em termos de escolarização, que podemos constatar simplesmente comparando as nossas habilitações com as dos nossos pais e as destes com as dos nossos avós). Daí também a gravidade extrema da queda dos últimos 4 anos. É como se o TGV de repente decidisse parar num apeadeiro de província. O problema é que todos as outras linhas continuaram activas...
PS: engraçado, as Renas têm andado às voltas com as mesmas interrogações...

Anti-natal


Tenho uma série de prendas para comprar (incluindo a que os meus pais me querem oferecer!) e só me apetece fugir das lojas apinhadas de produtos e pessoas, das ruas iluminadas, das músicas insuportáveis, da cara do Pai Natal que já não se aguenta, da chuva, dos encontrões...
Para além do bacalhau da noite de natal (eu detesto bacalhau cozido!!!!), e daquelas horas todas de reunião familiar forçada...
Eu até que nunca acreditei no Pai Natal...
Estou ansioso para que esta época passe rápido! Só penso na semana de férias que vou tirar a seguir. Só me apetece ouvir o som do vento, da água e dos pássaros. E estar na companhia dos meus amigos, dos seus abraços e risos.

Espinho at sunset

Ir a Espinho agora é mesmo ir num pulinho, com a novíssima auto-estrada. Confesso que sempre tive uma relação ambivalente com a cidade: bela, por um lado - quando me recordo das idas à enorme piscina (na altura para mim o trampolim mais alto tocava o céu), dos passeios com o meu pai, quando íamos lanchar camarão (era a minha ideia de uma refeição sofisticada) ou das sessões animadas do Cinanima; feia e desconfortável, por outro lado, quando olho para o seu urbanismo irresponsável ou quando toda ela se dá ares de snobismo burguês.

À beira-mar, é bom cruzar as pernas em cima da amurada e contemplar os surfistas do pôr-do-Sol, nessa dança ao mesmo tempo suave e feroz que os coloca em diálogo com as ondas, como corvos negros que de repente se descobrem crianças. Deve ser bom...

Dilema interior


Posta a questão desta maneira, como é possível alguém não gostar do branco na roupa interior? Quando muito a questão pode ser redireccionada para a dualidade "slip ou boxer". Eu confesso que ainda não consegui tomar posição... sobre o assunto.

O amigo ibérico


Acho que já foi há quatro ou cinco anitos. Sei que aconteceu no Inverno das cheias e das trevas das chuvas infindáveis (não sei porquê, recordo-me que tinham começado no dia exacto em que a PJ Harvey vinha dar um concerto ao ar livre em plena Rua de Santa Catarina, por ocasião da inauguração da Fnac; a coisa acabou por ser transferida para o Rivoli, para gáudio de um grupo de ferrenhos mais combativos). Fomos para Ponte de Lima, e lá foi ter o Fidel, a transbordar de um humor cínico que me cativou pela liberdade que parecia transportar. De visita ao Porto, foi com ele que entrei pela última vez no Boys'R'Us, e foi na mouche a mímica que fizeram da Isabel Pantoja. Mais tarde visitámo-lo em Madrid, e revelou-nos uma cidade supreendente e mais viva do que eu podia imaginar.
Nunca mais nos vimos. As amizades têm destas irresponsabilidades. Mas segundo ele, consegui captar o seu sentido de humor neste desenho, enquanto conversávamos sobre o quão rídiculo era ser patriótico.

visão

o da serra é um rumor que esmaga
a corrente não reflecte o céu
como se ele morasse no fundo do rio
e nós no meio
a tentar respirar este Inverno húmido e melancólico

Teenage wonder


Das coisas que mais sinto falta é da capacidade para me maravilhar, aquela sensação intensa de estar a presenciar algo de único, fabricado propositadamente para mim. Era essa a experiência de ver Bergman ou Fellini, de ver o Indiana Jones no maior ecrã do país, no Coliseu do Porto, de ler Oscar Wilde ou ouvir David Bowie. Depois o prazer deu lugar à racionalidade, e já não conseguia atravessar as vivências sem me distanciar e procurar os limites do cenário, encontrar os bastidadores, e expôr aos olhos de todos o mundo real onde tudo era inventado. Desse mergulho na razão apenas retenho uma vontade muito grande de não me assustar com sensações que não me cabiam no peito. Talvez a adolescência seja isso, essa megalomania emocional. É preciso tempo (e vontade) para regressar sem vergonha ao maravilhamento, a essa capacidade de nos rendermos ao imprevisto.

Autografia de um homem II

Magnífico, comovente e inquietante, o documentário que o Miguel Gonçalves Mendes construiu à volta da presença do Mário Cesariny. O poeta/pintor/agitador relembrou-me uma infância de sonhos em pleno voo.
Pontos altos (citando de memória):
"- Eu fui grande numa altura em que o tecto era muito pequeno."
"-Neste país, aplaudem-nos em apoteose num palanque e dão-nos prémios. Depois deixam-nos ir sozinhos para casa."
"-Não me deixaram ter aquele amor. Então passei ir para a cama com toda a marinha portuguesa!"
"- Quem é que o Mário mais amou na sua vida?
(pausa)- Infelizmente, acho que fui eu próprio..."
Já ninguém responde à vida com esta franqueza combativa.

Autografia de um homem


Sou um homem
um poeta
uma máquina de passar vidro colorido
um copo uma pedra
uma pedra configurada
um avião que sobe levando-te nos seus braços
que atravessam agora o último glaciar da terra (...)


Autografia, um poema de Mário Cesariny e título do documentário de Miguel Gonçalves Mendes. Vi ontem à noite no cine-estúdio do Teatro Campo Alegre. Ri, chorei, arrepiei-me e saí da sala com um enorme sorriso.

Queixume


... e estou farto de trabalhar num sítio onde não se sabe trabalhar, de ter compromissos sem me querer comprometer, de estar preso pelas horas e pelos cabelos, de não me convencer a fazer o que quero, de perceber diariamente a ignorância do mundo...

Oh well, that's life...

Auto-teste (parte 2)

E a mim deu-me o seguinte resultado:

Esquerda/Direita: -5.25
Autoritarismo/Libertarismo: -7.18

Auto-teste

A mim deu-me este resultado:

Esquerda / Direita: -8.62
Autoritarismo / Libertarianismo: -7.90

Bambu science


Fiquei a saber algumas curiosidades sobre bambus. Primeiro, e esta é universal: assim que dá flor, o bambu morre (uma espécie de canto do cisne aplicado ao reino vegetal). Segundo: alguns bambus podem durar várias centenas de anos (nada bate a clorofila!). Terceiro: há uma espécie de bambus que tem uma morte colectiva, ou seja, independentemente do ponto do mundo em que estejam localizados, todos os indivíduos pertencentes a essa estirpe desaparecem, numa espécie de demonstração universal de solidariedade de classe.
A tentação das metáforas é grande. E se estivessemos a falar da da espécie humana?
Anyway, são factos belos per se.

Tecnomundo

Assumo. Sou tecno-handicapado. Meia hora para cada post, um template que já enjoa e no qual não sei mexer, e agora nem imagens consigo adicionar.
Ajuda precisa-se...

"Eu digo não ao não!"


Por vezes, viciados no nosso próprio ponto de vista, deparamo-nos com a realidade e ficamos incrédulos. Tenho consciência de que vivo num meio privilegiado, onde as questões da homofobia já não me afectam directamente há bastante tempo, pelas circunstâncias em que circulo e pela própria postura que fui assumindo em diferentes contextos: pessoal, familiar, laboral, afectivo, etc. Contudo, reconhecer que existem outras realidades não me tem bastado (deve ser lá por aquele bichinho que o José Mário Branco tão bem definiu na música “Inquietação”). Por essas e por outras, e agora que voltei à escolinha, decidi orientar o meu trabalho de investigação para esta área, procurando perceber qual a dimensão do fenómeno da homofobia nas escolas, sobretudo junto do corpo docente. É também este bichinho que poderá ter sido espicaçado com um telefonema a meio da semana a convidar para uma reunião de trabalho para reflectir sobre a possibilidade de formar um grupo de trabalho LGBT na invicta, que procurasse continuar um trabalho já iniciado mas interrompido. Espero ter lido no sorriso esperançoso da Gabriela Moita um doce prenúncio de um projecto a acarinhar.
Infelizmente nestas coisas só consigo ser como o São Tomé...

Trabalho social superstar


Mais uma deslocação a Lisboa, desta vez para mais um encontro transnacional sobre economia social. O meu descrédito e a minha incapacidade para acreditar neste tipo de trabalho aumentam a olhos vistos, de encontro para encontro. É como se os técnicos dos projectos vivessem numa espécie de circuito de auto-celebração, a louvar com pancadinhas nas costas (e aprovação de mais projectos) os seus próprios "sucessos". Bem sei que é uma batalha dura e que o adversário é descomunal, que lutar dentro da sociedade civil por soluções alternativas à economia global é algo que devo sempre defender... mas não a todo o custo. Parecemos incapazes de reconhecer os insucessos, e a própria fadiga das dinâmicas nos tolhe a criatividade para procurar alternativas. Como alguém dizia neste seminário, onde foi apresentada a criação de mais um observatório social, desta feita virtual: "qualquer dia temos mais observatórios do que observados"! A verdade é que já dispomos de estruturas, públicas e civis, que pura e simplesmente não são utilizadas. Há aqui também uma espécie de cegueira tecnicista, um tanto ou quanto arrogante, que me faz sempre suspeitar que o discurso do empowerment das populações-alvo das intervenções sociais não passa de um adorno linguístico. Nunca me conseguiram provar que as soluções já estão todas pré-definidas, e ninguém resiste à tentação de pensar que descobriu a panaceia para todos os males. E mais, ninguém refere sequer o próprio interesse dos sujeitos deste trabalho. Ou seja, se existem respostas disponíveis e se as pessoas não aderem... o problema está nas pessoas?

Inquietações culturais

Por muito redundante que me possa parecer a mim próprio escrever sobre as minhas próprias deambulações, mentais e outras, talvez seja engraçado um dia rever tudo isto com o olhar de um outro eu, noutro cruzamento do espaço e tempo. As últimas inquietações mereciam dedicação para me debruçar sobre elas com maior intensidade e sobretudo para delas retirar maior substância.
Primeiro: o livro "Amar não acaba", do Frederico Lourenço conseguiu apagar a impressão negativa de outro livro dele que li, um romance. Aqui é uma pequena mas simpática e pertinente tentativa de auto-biografia. Como todos os auto-retratos, é também um retrato da sociedade durante aquele período, aquele em que o acompanhamos desde a infância ao início da vida adulta.

Inquietação nº 2: "2046", de Wong-Kar-Wai: a valsa lenta continua, realmente desta vez mais fria e calculista, mais congelada nas memórias do personagem do sr. Tony Leung (claro que não é por isso que a presença das mulheres seja menos significativa, todas elas são absolutamente magníficas). Tudo parece caleidoscópico, sentimo-nos imersos num mar de espelhos. Não é de facto a perfeição do anterior, e a melodia a que o realizador nos habituou é quebrada a espaços por harmonias dissonantes, mas... talvez isso seja redundante num universo do qual não temos a certeza de termos saído no final do filme.

Inquietação nº 3: Bertolt Brecht revisto, versão teatro de Barcelona no Rivoli. A peça: Santa Joana dos Matadouros, numa encenação a meu ver não muito feliz, com uma overdose de elementos multimédia a quererem à viva força trazer para o presente um texto que é actual pelo próprio conteúdo das suas palavras. Detesto quando os encenadores nos querem explicar tudo, como se nos achassem já tão anestesiados que fossemos incapazes de pensar sozinhos...

O declínio do império

Nestes tempos em que os afazeres nos engolem os gestos, em que uma fantasia de delírio pós-modernista chamada Natal toma conta do país e em que um governo faz-de-conta finalmente é desmascarado, estar com os amigos, em diferentes ritmos e quantidades parece ser a melhor prescrição para uma vida mais protegida desta promessa de apocalipse.

Incredible!


Talvez seja implicação minha, e contra mim falo, que até sou fã dos filmes da Pixar (e não é isto que seguramente me vai afastar do seu cinema), mas dei comigo em considerações filosóficas logo pela manhã, quando iniciava uma das minhas actividades preferidas naquele limbo a que chamamos despertar: comer leite com flocos e ler as embalagens, hoje em dia pródigas em profusões de pormenores e informações coloridas. Desta vez cruzei-me com a promoção do The Incredibles, o que incluia a promessa de novos brinquedos, filhos do imaginário merchandising que hoje nos reservam o interior destas caixinhas de cartão. Uma descrição breve das personagens do filme despoletou a crise: não é que, mais uma vez, temos uma história com uma família tradicional no centro? Dirão: sim, mas esta será tudo menos convencional! Vamos então aos super poderes que os distinguem do comum dos mortais: o pai - personagem principal (pasme-se!) - poder: a força! A mulher, como convém, distingue-se pela sua extraordinária... agilidade e elasticidade! Os filhos: ele, super rápido (como convém), e a rapariga é capaz da mirabolante proesa de... tornar-se invisível!! É impressão minha ou temos aqui o papeis sociais vestidos de mito? Nada de espantar, se calhar, se considerarmos o panorama cinematográfico actual (especialmente o norte-americano). Mas se pensarmos, por um lado, na capacidade que a Pixar tem demonstrado em se colocar do lado de personagens de alguma forma desenquadradas e relembrando o poder dos media no processo de desenvolvimento psicosexual, por via da modelagem, das crianças e adolescentes... há qualquer coisa de perturbadoramente anacrónico nesta abordagem. A não ser que (e o facto é que ainda não vi o filme) a Pixar tenha sido capaz de brincar com os estereótipos e se lançar numa via de auto-ironia...
It just makes me wonder...

Nas noites frias...


É assim que temos passado as últimas noites, por baixo do edredon quentinho da nossa cama e na companhia destas simpáticas pessoas... Graças ao Pedro e aos seus mágicos downloads, estamos a conseguir ver alguns episódios da série "Queer as Folk"! Que vontade de ver a série toda!!

O amor científico


A ciência nunca teve (e não o tem seguramente agora) pejo de entrar no corpo pela sua orgânica, e aí não nos poupou à descrição minuciosa dos fluídos, dos órgãos, das células, ou, mais recentemente, dos códigos genéticos. Mas quando se retoma o corpo como veículo da alma e das suas emoções, aquilo que nos transporta de um a outro é matéria na qual a ciência tem, prosaicamente discursando, atolado. Se retirarmos algumas esforçadas tentativas de esmiuçar o dilema (como a de Descartes no célebre Tratado das Paixões da Alma), o que temos é um reinado onde, entre outras, as coisas do amor não entram, ou, se quisermos, entram pela porta das normas e dos regulamentos sociais, neles se deixando banhar, provocando a submersão do corpo como objecto de desejo, e a sua emersão como mero objecto de estudo e controle anatómico, psicológico ou social. É este ainda o ponto da situação, em pleno início de milénio, e nele derraparemos até que corpo e ciência ganhem coragem para se olhar nos olhos e confiar no futuro, com paixão na razão e razão na paixão, misturando e dissolvendo, entre outras coisas, as barreiras que as têm separado.

A 7ª arte na Invicta


Águia D'Ouro, Batalha, Sala Bebé, Pedro Cem, Passos Manuel, Estúdio Foco, Lumiére, Trindade, Cinema do Terço... É grande a lista de salas de cinema que nos últimos anos fecharam no Porto. Os cinemas de rua deram lugar aos multiplexes dos shoppings da periferia, às pipocas e aos filmes-padrão hollywoodescos. Aos poucos o cinema independente, "alternativo", foi perdendo lugar neste mercado, aparecendo hoje em dia nos cinemas da Medeia e em ciclos temporários. Quando iremos ver uma extensão da programação da Cinemateca Portuguesa ao norte do país?
Longe vão os tempos os quais o cinema tinha um peso importante na cidade; bom exemplo dessa importância era a produção cinematográfica dos estúdios Invicta Film.
Será um bom prenúncio a reabertura do Passos Manuel ou a recente programação do cine-estúdio do Teatro do Campo Alegre?

O grande teatro do mundo (parte 2)

De referir ainda que estas peças que fomos ver ontem fazem parte da programação da 4ª edição do PoNTI – Porto. Natal. Teatro. Internacional. Este ano coincide com a organização do XIII Festival da União dos Teatros da Europa. Como o Major Tom comentou comigo, isto equivale à organização do Euro 2004 mas na área teatral. :)

O grande teatro do mundo

Regresso ao teatro. Acertada a minha intuição. Valeu a pena escolher esta apresentação 'dois em um' de dois textos fortíssimos: Die Glasmeagerie do americano Tennessee Williams (já adaptado ao cinema pelo Paul Newman)...

... e outro da outsider (cada vez mais in) Sara Kane - Zerbombt.

Dois pequenos tratados sobre a natureza humana, duas lições de entrega teatral no belo cenário da Helena Sá e Costa, pela companhia alemã Schauspielfrankfurt (e é bom reencontrar a Micas nestes acasos, também ela a preparar-se para a temporada com outra peça no São João, novamente com o charmoso João Reis).

Presente!

Parece que uma semana fora me desabituou da escrita. Talvez seja a própria vida a dizer-me que tenho que a agarrar com unhas e dentes, sem condescendência. Naturalmente, acabo por reequacionar novamente o papel deste espaço. Novidades: após um período ausente, lá acabo por conseguir assistir às minhas primeiras aulas de mestrado (fiquei a saber que tinham colocado a hipótese da minha desistência). Professores e conteúdos entusiasmantes, coleguinhas participativos e experientes, e, acima de tudo, sentir-me intelectualmente reestimulado. Só agora me apercebo como o meu cérebro agradece este tipo de massagem.

Frio, sol e cerejas

Como gosto destes dias de Inverno, com muito frio, mas repletos de sol! Apetece passar a tarde a caminhar e sentir aquele friozinho na cara e depois passar a noite à volta de uma lareira, a comer e conversar com os amigos.
Por falar de frio, vejam o que recebi esta semana na minha caixa de correio:

Cerejeiras congeladas!

Alguém sabe onde posso ver um espectáculo destes? É lindo!

"We'll always have Paris"

Em mais uma corrida com esta bela luz de Outono, chapinhando nas folhas secas do parque, ia pensando no efeito que este périplo por terras de França teve em mim. Talvez seja demasiado cedo para o perceber, estas coisas precisam do seu tempo para encontrar um lugar na nossa caixinhas de memórias, aquelas às quais regressamos quando nos surgem dúvidas sobre o que fazemos aqui afinal. Seja como for, a impressão que tanto o mundo rural da Borgonha como o urbanismo esmagador e sofisticado de Paris me causou não podia ter sido mais forte. Em Macon, pontos altos: visitar a produção de sabonetes feitos com leite de burra, cujas qualidades terapêuticas foram magistralmente explicadas pela simpática Julie; as danças tradicionais da região do Lang-Doc, na qual participaram todos os parceiros italianos, franceses e portugueses do encontro transnacional.

Findo o Seminário, experimentei o eficientíssimo (e caríssimo) TGV para uma escapadela à capital francesa. Foi bom tê-la partilhado com dois amigos de Turim, que me revelaram alguns dos segredos mais bem guardados da cidade.

Segredos como entrar na intimidade deslumbrante e estranha da livraria Shakespeare, onde vagueam cabeludos de olhar distante, imersos na leitura em cantos caseiros ou entabulando diálogos como este:
"-Does he have a heart?"
"-He does, it's just pumping on the wrong side."
Apercebi-me depois que tinha sido aqui que a Julie Deply reencontrara o Ethan Hawke no filme "Antes do Anoitecer".

Ou percorrer a complexa rede de linhas do metro, dando de caras por todo o lado com perfomances musicais de elevadíssima qualidade (incluindo um grupo de música Rom e um acordeonista a oferecer Bach) ou com cartazes deste género:

A segunda parte da terapia


Impensamento

Não pensar, apenas isso. Será pedir muito pedir o nada?

Vote for Kerry!

É estranho pensar que, qualquer que seja o resultado das eleições norte-americanas, do outro lado da planeta, uma parte considerável do meu futuro vai ser decidida esta noite.

Em nome da fome


Comer é bom! Poucas coisas ultrapassam o simples e primordial prazer de satisfazer a larica e encher o bandulho. Pela manhã, uma rodada de torradas com manteiga, leite fresquinho simples ou sumo de laranja recém espremida, para sossegar o corpo que acorda esfomeado (sim, pertenço a essa parte da humanidade, ao contrário daqueles que enigmaticamente deambulam horas antes de ouvir o apelo do estômago); uma grande fatia de bolo de amêndoa depois de uma sessão de amor (para os fumadores o caso é diferente...); caprichar no peixe assado com batatas e arroz para o jantar que rondou na cabeça o dia inteiro; trincar, petiscar, lamber, deglutir, cheirar ou devorar, enfim, a celebração dos sentidos que nos salvam por momentos da prisão que é ser-se um animal racional. Pouco animal e muito racional.

La petite mort


Um ex-marinheiro falou-me dos seus anos no mar, de como era bom navegar na costa da Guiné e olhar as estrelas ou fundear na costa dos Açores (enquanto soldados americanos das Lajes abarcavam para engatar os seus grumetes?). Parece que em alturas de tempestade no alto-mar, os barcos da marinha, concebidos para por ali andar mesmo com tanta água de mau presságio a inundar o convés e o pensamento, são incapazes de ir ao fundo. Por mais cambalhotas que dê, o casco volta sempre a ficar para a baixo e a torre de controlo para cima. Depois de uma grande vaga (que pode ultrapassar os doze metros de altura), a proa ascende em direcção ao céu, e depois dobra a onda, iniciando uma descida provocada pelo seu próprio peso. Nesses segundos seguintes, a única coisa que se vê é o mar. Por todo o lado, não se vislumbra outro espaço que não seja o oceano e a sua promessa de abismo.
O orgasmo dos homens é para os franceses 'la petite mort'. Poderá ser isto o seu equivalente naval?

Retrokitchpop Party forever

Viva o Pasquale Ferrara e a sua colecção musical! Major Tom e Planeta Ju têm razão ao afirmar que estas festas são uma completa terapia para a boa disposição. Acabo de sair da edição número dez, de uma festa que é obrigatória para quem gosta de dançar ao ritmo das músicas dos anos 80 e afins. Acontece nas últimas sextas-feiras de cada mês nos Maus Hábitos.
Só faltou mesmo o sorriso e o corpinho saltitante do meu Major para me divertir ainda mais.
Amanhã segue a segunda parte da terapia: cabanas de madeira, aqui vamos nós!! :) Novos desenvolvimentos nos próximos dias. Aguardem...

O artesão

O ar tesão (nato) é o ar do artesão quando
em artesanato assim como o sol dado é o
ar do soldado quando em ar tesão.

Mário Cesariny (in Manual de Prestidigitação)

Músicas... (parte 3)

Quem se lembra desta música? Misteriosamente apareceu na minha mente hoje de tarde enquanto trabalhava. :)
"She's got it
Yeah, baby, she's got it
I'm your Venus, I'm your fire
At your desire
Well, I'm your Venus, I'm your fire
At your desire (...)
"

Et maintenant...


...mes dammes et messieurs, la véritable e incroyable: Super Mimi la Belle!!
(também conhecida como a caçula da família)

workalismos

E pronto, confirma-se a ida a França para um seminário sobre as mulheres e a conciliação do tempo familiar e profissional. A confirmação chegou hoje por correio, na forma de um bilhete de avião para Lyon (lá se vão os projectos para um saltinho a Paris...sniff). Resumindo e concluindo, mais um trabalho a estudar e preparar, para além da prova de inglês e francês no Sábado (só eu!), de uma prova para um concurso público, do trabalho e do início do Mestrado, isto numa semana em que não consegui guardar um único dia para ficar em casa a jantar calmamente. Porque é que não consigo sair desta espiral?...

É pró menino e prá menina

Já agora, a bibliografia da sessão:
- História da Sexualidade, de Michel Foucault - Relógio d'Água
- Amor e Sexualidade no Ocidente, VVAA - Terramar
- XY A Identidade Masculina, de Elisabeth Badinter - Edições Asa
- O Amor Incerto: História do Amor Maternal do Séc.XVII ao Séc.XX, de Elisabeth Badinter - Relógio d'Água
- Transformações da Intimidade: Sexualidade, amor e erotismo nas sociedades modernas, de Anthony Giddens - Celta
- A Dominação Masculina, de Pierre Bourdieu -Celta
- A mulher só e o príncipe encantado: inquérito sobre a vida a solo, de Jean-Claude Kaufmann - Editorial Notícias
- (Trans)Formaciones de las Sexualidades y el Género, de Mercedes Bengoechea e Marisol Morales (Editoras) - Universidade Alcalá
- Indisciplinar a Teoria: Estudos Gays, Lésbicos e Queer, de António Fernando Cascais (org.) - Fenda
- Manifesto - sexualidades/éticas/estéticas, nº5: Corpo, intimidade e poder
- Sexualidade de A a Z, de Nuno Nodin - Bertrand Editora

Homo vs bissexualidade


Já na recta final do curso de saúde sexual e reprodutiva, resolvi responder ao desafio de fazer uma pequena apresentação, com liberdade para escolher um tema num elenco pré-definidido. Acabo por escolher o engimático "Homossexualidade versus Bissexualidade". Como era de prever, acabo por não guardar tempo para preparar uma coisa mais elaborada e recorro ao improviso: uma rápida vista de olhos na minha pequena biblioteca pessoal é suficiente para fazer uma selecção de livros que abordam a temática de forma directa ou tangencial e de vários pontos de vista. Lá vou cosendo um discurso com a apresentação dos livros, pontuada com comentários meus e da audiência. Surpreendentemente, a experiência corre bem, apesar da minha ansiedade em falar para uma pequena plateia de licenciados (coisa rara no meu currículo). Terminei a conversa com a polémica sugestão de um Eduardo Mendicutti, colunista da espanhola Zero, que propõe que se comece a pensar nos direitos específicos dos bissexuais: possibilidade de duplo casamento, com acesso a herança dos dois conjuges, à paternidade biológica e adoptiva ou à assistência aos dois parceiros em caso de doença. Que dá que pensar, dá.

Profissão de tio

Nunca pensei seriamente na possibilidade de vir a adoptar, mas ser tio é uma das coisas mais entusiasmantes que eu consigo descortinar. Dito isto, vou ali brincar com o sobrinho do Venus, que fica esta noite cá em casa. É que eles estão num nível mais avançado do jogo e eu não quero ficar para trás...

Arquivo


Dos desenhos que tenho guardados e espalhados, há muitos com histórias por trás.
Este não é um deles.

Post ex-fumador

Repousava a tua imagem num cigarro e o fumo devolvia-me a memória dos traços. Enquanto tranquila a rua se geometrizava de sombras, retinha o sono por uma brisa cheia de promessas. Perguntava-me se o amanhã também seria aquele domingo na alma.

Major Tom depois da piscina

Por vezes a minha cabeça destila emoções que não encontram palavras. É como se caissem num oceano que eu contemplo pensativo mas do qual também faço parte. Assim, vagueio entre aquele negro e este azul.

"O que há de novo no Porto?"


Numa das minhas mais recentes pesquisas na net fui parar a um artigo, que saiu na Rotas & Destinos deste mês, sobre a cidade do Porto. Gosto sempre de ler este tipo de reportagens turísticas sobre a "minha" cidade, quanto mais não seja para ver se descubro algum sítio interessante que andava escondido (tenho de ir conhecer o Bazaar...). Geralmente, falam da riqueza cultural e do crescimento de espaços alternativos de lazer. Apresentam uma cidade moderna, mais europeia e menos monótona. Por vezes fico com a sensação que vivo numa cidade diferente daquela que me apresentam. Acho que me centro mais nos problemas de mobilidade do dia-a-dia ou no completo abandono da maior parte dos edifícios da baixa, e esqueço-me de muitos aspectos positivos da nossa cidade.
Gostava muito de poder sentir aquilo que uma pessoa sente quando vem pela primeira vez ao Porto e passa pela ponte D. Luis...

Músicas... (parte 2)

Desta vez "Playground Love". Quem reconhece esta música? Alguém viu o filme? Lindo!!

Julie at sunset


Duas idas ao cinema num só fim-de-semana já é um acontecimento fora de comum para alguém que deu como consumada a paixão cinéfila, alimentada durante anos, entre outras coisas, com sessões obscuras no cineclube do Porto, com uma passagem fugaz num curso universitário de Turim sobre História do Cinema ou, verdade seja dita, com muitas noitadas de insónia e VHS foleiro. O motivo foi, tão simplesmente, a ausência de melhor programação. Então, no sábado, o Before Sunset e no Domingo Os Diários de Che Guevara. Dois filmes onde encontrei uma temática comum, a da deslocalização, o desenraizamento e a mudança. Fez-me repensar, o primeiro, nessa capacidade que temos de esconder dentro de nós um outro eu, que raramente ou nunca revelamos, a não ser que, precisamente, nos sintamos distantes dos outros (esses para quem temos de ser, diariamente, uma versão de nós próprios). Uma nova diva no meu clube - Julie Delpy -, mesmo se na primeira parte da história, há nove anos, já espreitasse o seu brilho (agora totalmente genial).


pouso na dúvida por temer silenciosamente o som do tédio
enquanto colocas na noite inquietações demoradas
por horror às certezas que a manhã retira dentro de mim
pouso na dúvida
e caminho vasculhando hipóteses nas fábulas

Leituras

Para quando será lançada a tradução de mais um livro do Colm Tóibín? A História da noite e o Navio Farol de Blackwater (fantástico!) não foram suficientes para acalmar o meu desejo de querer ler mais livros deste escritor. Quando vou à FNAC, lá vou eu à secção de autores estrangeiros, letra T... e nada... :(

O mar dos outros


"Vai ver o mar por mim. Não sabes a falta que me faz."
Mensagem perdida na caixa de correio, da minha italian connection. Fica a promessa, logo que possa (talvez consiga escapar ao fim da tarde).

Uma pausa com...

... orisinal.

Músicas...

É o Major Tom com a "Video killed the radio star" na cabeça e eu com "Everybody's gotta learn sometime"...

Change your heart, look around you
Change your heart, it will astound you
And I need your loving like the sunshine
And everybody's gotta learn sometime
Everybody's gotta learn sometime
Everybody's gotta learn sometime

Video Killed the Radio Star


O título do post é absolutamente arbitrário, apenas a música que me ronda na cabeça desde ontem à noite, mais um acto de insónias regadas com conversas no messenger. Desassossegou-me a revisão de Alice, um filme do Woody Allen, com a "falecida" Mia Farrow (sim, essa da foto) no principal papel. Basicamente gira em torno da futilidade da sua vida e da necessidade de mudança despoletada por um affaire extraconjugal. Como frequentemente me acontece com as suas histórias, fico contagiado pela melancolia e leveza daquela Nova York e pela candura das personagens. Faz-me quase acreditar que as coisas impossíveis estão quase todas ao nosso alcance...

Pedro & Alberto

Olhem o CD que acabei de comprar na minha hora de almoço!

Desde "A flor do meu segredo" que Alberto Iglesias colabora (e muito bem!) com Pedro Almodóvar, compondo as músicas para os seus filmes.
Estou ansioso por chegar a casa, poder escutar esta banda sonora e rever mentalmente algumas das imagens que mais me marcaram no filme. Algumas cenas almodovarianas são mesmo impossíveis de dissociar da música albertiana. :)
E por falar em Almodóvar, vejam a colecção que está a sair aos domingos do outro lado da fronteira.

Putz!

Não será já dureza só por si ser uma segunda-feira? Era preciso ainda estar mal da barriga, que o carro não pegasse, que começasse a chover em pleno percurso apressado para o trabalho e dar de caras, logo pela manhã, com o meu coronel, que me informa, com um brilhozinho maquiavélico nos olhos, que temos que deixar de fazer telefonemas, porque o programa não paga?
Terapia anti-neura procura-se...

Suspiros e diospiros


É uma rima pirosa, mas é o que me está na cabeça neste momento. Acabei de comer um belíssimo diospiro (o primeiro do ano) e fiquei nostálgico, ao recordar quando ia com o Mário e o Nuno roubar fruta ao jardim do vizinho ou mesmo, uma vez, ao jardim da Casa das Artes (sim, diospiros enormes que ninguém aproveitava), junto à pequena piscina do antigo palacete. Pensar que nessa altura era outro fruto que me apetecia trincar, e mal me permitia pensar numa visita a esse pomar...(olha, outra rima!)





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